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Instantaneidade jornalística no Twitter

Na tarde de ontem, aconteceu um terremoto em Los Angeles de 5,4 pontos na Escala Richter. Abstraindo um pouco a parte trágica da coisa (na verdade, só houve danos materiais; ninguém ficou ferido), o interessante foi que, ao menos desta vez, foi possível ter uma boa noção geral do quanto o Twitter pode ser ágil como meio de comunicação nessas situações.
De acordo com o blog do Twitter, as primeiras atualizações sobre o terremoto teriam levado segundos para aparecer no microblog (em contraposição, o despacho da AP sobre o terremoto só foi ser emitido 9 minutos depois do acontecimento). Pouco tempo depois, a conta da Cruz Vermelha no Twitter já enviava dicas de como enfrentar a situação para possíveis atingidos pelo terremoto (um uso bem interessante da ferramenta, como apontou o Tiago Dória, considerando que se pode receber as atualizações pelo celular).
Twitter Earthquake Twitscoop
Twitscoop – busca pelo termo “earthquake” nos últimos 3 dias
A quantidade de atualizações também surpreendeu (vide gráfico acima). Teve até uma mulher que fez, digamos, uma cobertura bem pessoal do terremoto, e acabou virando um meme espontâneo no Twitter.

Curiosidade: a CNN tentou postar 20 minutos após o terremoto, mas a micronotícia acabou sendo atrasada por uma atualização no servidor. E o mais interessante é que pediram desculpas pelo atraso!

Bônus: também há vídeos interessantes do terremoto no YouTube (via newsblog).

Jornalismo em uma nuvem de tags

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Anteontem fiz um post sobre o TwitScoop. Em linhas gerais (para quem tiver preguiça de clicar no link para ler o post em si), trata-se de (mais) uma (dentre inúmeras) ferramenta criada a partir da API do Twitter, cujo diferencial é exibir uma nuvem de tags atualizada em tempo real com as palavras que estão sem mencionadas naquele instante no Twitter. Divertido, não?
Mas foi só depois de fazer o post que percebi o potencial dessa ferramenta para o jornalismo. No mesmo dia, cheguei a comentar no Twitter que fiquei sabendo de um terremoto nas Filipinas a partir do TwitScoop (veja a imagem acima). E hoje o Donizetti comentou que ficou sabendo de um atentado à embaixada norte-americana em Instambul pela mesma via.
O que há de interessante no TwitScoop, então, é que observar as tags aumentando e diminuindo de tamanho em tempo real não só pode nos revelar tendências do Twitter, como também permite acompanhar o estopim de grandes acontecimentos, em um autêntico crowdsourcing. Em síntese, trata-se não só de uma poderosa ferramenta de marketing, como também pode ser usado como uma ferramenta para o jornalismo.

Coberturas online de eventos sobre Jornalismo

Dois eventos sobre Jornalismo para acompanhar amanhã (28 de maio) pela web:
– Para comemorar os 10 anos da revista eletrônica Cyberfam, os alunos da Famecos, PUCRS, irão realizar uma maratona de 24 horas de discussão sobre jornalismo. Estão previstas entrevistas e atividades das 18h do dia 28 até às 18h do dia seguinte. Será possível acompanhar por áudio, vídeo, e até pelo Twitter. O release do evento pode ser acessado aqui.
– Já em Recife, na UFPE, acontece amanhã o I Seminário de Jornalismo Contemporâneo, promovido pelo Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade. Alunos de Jornalismo farão a cobertura ao vivo, por texto, foto e vídeo, no blog do Grupo (Via GJol). Confira a programação do evento aqui.

Jornalismo e Twitter

Image Hosted by ImageShack.us Em um post recente no ReadWriteWeb, Marshall Kirkpatrick discute, em linhas gerais, a idéia de se fazer jornalismo através do Twitter. Na verdade, o post enumera as formas com o próprio RWW vem usando a ferramenta. E o resultado acaba sendo um apanhado bem útil do que se pode fazer com o Twitter:
ficar sabendo das últimas notícias – seja através de feeds de jornais online, seja a partir de comentários de amigos – o que, no caso de um blog sobre novidades na área de tecnologia, como é o caso do RWW, acaba sendo algo bastante útil. Muitas vezes, postar primeiro que os demais acaba sendo um fator crucial para conseguir um maior número de visitas.
realizar entrevistas – o RWW tem pedido direto através do Twitter sugestões de perguntas para seus leitores, e essas perguntas são depois selecionadas e usadas em entrevistas realizadas pela equipe do site.
controle de qualidade – além de se poder usar o Twitter para fazer perguntas rápidas (e, na maior parte das vezes, obter respostas), ele também serve como um canal para obter feedback rápido sobre determinados assuntos – por exemplo, ao se postar o link para um post de blog no Twitter, tem-se mais chance de receber comentários e correções/complementos das pessoas do Twitter pelo próprio Twitter do que junto ao post do blog.
divulgação – a criação de um feed para notícias é citado no post do RWW como o uso jornalístico mais óbvio do Twitter. Há inúmeros feeds de notícias espalhados pelo Twitter. E a maior parte deles não é oficial. Entretanto, no Twitter vige uma espécie de regra não escrita segundo a qual fica chato usar a ferramenta o tempo todo para se auto-promover – talvez por isso muitos blogueiros optem por linkar apenas alguns dos seus posts, ou então criar contas no Twitter em separado para servirem como feeds de seus blogs.
Os usos que o RWW faz do Twitter dão uma boa idéia do potencial que a ferramenta tem para ser usada para assuntos sérios. Ou seja: há muita coisa para além da pergunta “O que você está fazendo?”. O Twitter não é só o que deixa transparecer o hype em torno dele.

Paul Bradshaw também fez, recentemente, uma espécie de texto guia sobre jornalismo no Twitter, voltado para jornalistas, com várias sugestões de usos interessantes que estão sendo feitos do sistema ao redor do mundo. Vale a pena conferir.

Falando em usos interessantes do Twitter, em um dos comentários ao post sobre jornalismo no Twitter do RWW, cheguei até o Crowdstatus, uma ferramenta criada por Darren Stuart a partir da API do Twitter que possibita a criação de páginas com grupos de usuários do Twitter que permitem que se visualize a última atualização desses usuários de uma forma amigável em um mesmo endereço. Dá para criar manualmente os grupos (criei um lá, como teste, com alguns exemplos de usos jornalísticos do Twitter), ou então entrar com seu nome de usuário e acompanhar as atualizações dos seus contatos nesse formato diferente.

Conversando sobre Jornalismo e novas mídias

No dia 12 de abril acontece em São Paulo a segunda edição do NewsCamp, uma desconferência sobre Jornalismo. Assim como a Ciranda de Textos, o NewsCamp também teve sua origem na Lista Jornalistas da Web.
Quem não puder ir até São Paulo para participar do evento pode acompanhar a “desconferência virtual”. Desde o final de março, rola blogosfera afora o “Esquenta do NewsCamp!“. A idéia é a de se fazer postagens sobre temáticas que se gostaria ver sendo discutidas no evento, como uma forma de se preparar para as discussões que por lá serão travadas. Além de servir como um ótimo aperitivo do que vai acontecer por lá, também é uma forma interessante de fazer com que pessoas que, como a gente, não terão como estar presentes, também possam participar das discussões.
Então, vamos lá… entrei… er, entramos (vide rodapé do post) nesta conversa mediante provocação. Sam Shiraishi, do Nossa Via, colocou em pauta a discussão sobre nova e velha mídia, além de comentar um pouco sobre as especificidades do meio online. No post, ela sugere a idéia de que uma mídia absorve a outra, e que a nova geração de jornalistas estaria mais preparada para enfrentar essas mudanças. A partir disso, a Ceila Santos, lá no blog do NewsCamp, sugeriu que a discussão fosse continuada…
Dentro dessa perspectiva, talvez fosse ser interessante discutir no NewsCamp, também, a questão das novas ferramentas para comunicação na web, e no que elas podem influenciar na prática do Jornalismo. Será que o Twitter poderá acabar com o impresso? Será que joguinhos e entretenimento serão a grande tendência do online? As empresas jornalísticas que ficarem de fora das redes sociais terão condições de sobreviver?
A discussão de como a mídia irá lidar com essas ferramentas, e também com as participações espontâneas dos internautas, não deve ser vista como um mal que irá mudar o jornalismo como o conhecemos hoje. As possibilidades de interação entre os meios de comunicação e a sociedade, através das ferramentas da Web, devem ser vistas como uma extensão do jornalismo “tradicional” – um avanço, um complemento. Por exemplo, as contribuições que podem ser feitas nos espaços destinados aos comentários de alguns veículos podem influenciar na pauta desses mesmos veículos. Além disso, os links que alguns sites estão utilizando para blogs que comentam suas notícias através da ferramenta trackback também provocam pequenas mudanças no modo como encaramos as notícias. Este é o caso, por exemplo, dos jornais Público, de Portugal, e La Vanguardia, da Espanha (e muitos outros sites europeus) que utilizam a ferramenta Twingly para disponibilizar de forma automática links das postagens de blogs que fazem referência àquela notícia. A CNN.com usa a tecnologia do Sphere para linkar para posts de blog (conforme comentado pelo Thassius). No Brasil, a própria Agência Brasil já faz algo parecido, listando as notícias “mais blogadas” em sua página inicial (como lembrado pelo Gustavo D’Andrea). Então, o leitor mais apurado, que procura ver a discussão e repercussão daquela informação na blogosfera, poderá acompanhar as opiniões das pessoas que estão escrevendo e fazendo referência àquele texto. Ou seja, a notícia online já não termina mais na última palavra do texto, mas pode ser apenas o primeiro passo rumo à discussão sobre um tema, que pode ser comentado por qualquer pessoa que possua um blog, ou então, gerar discussões em redes sociais ou servir de pretexto para diálogos no Twitter.
O leitor tem outras formas de interagir com a notícia votando nas que ele julgar melhor, dando de certa forma o seu aval àquela informação. Uma outra forma, porém mais passiva, de voto, seria o seu simples acesso, pois há sites que disponibilizam em suas home pages listas das notícias mais acessadas, que podem acabar influenciando nos clics dos visitantes. Antes, quando se comprava um jornal impresso, as manchetes eram definidas exclusivamente pela redação dos jornais. Agora, o leitor passa a poder influenciar nas manchetes que irão para a capa num simples clicar. Com isso, tem-se conhecimento instantâneo e imediato do que está sendo mais lido pelos visitantes do site, e, mesmo que ainda sejam influenciados pelas manchetes sugeridas pela redação, há a possibilidade de uma notícia que foi julgada de pouca importância para a capa ir parar na página inicial.
Essas são algumas sugestões de assuntos que também poderiam ser abordados lá no NewsCamp. E também daria para discutir no que a interconexão em tempo real poderia contribuir para a prática jornalística – será que a web e suas ferramentas não abriria a possibilidade de construção de redações descentralizadas e produção colaborativa à distância de conteúdo?

Além de participar do Esquenta do NewsCamp!, este post também foi uma tentativa de escrita coletiva. O texto foi elaborado no Google Docs. A autoria de cada frase é indeterminada – o texto inteiro foi escrito por mim e pelo Gilberto Consoni.

Jornal com links para blogs

Bem que os jornais brasileiros poderiam seguir essa iniciativa. O Público.PT, jornal online português cujo editor é António Granado, passou a incluir trackbacks de blogs em suas notícias. A partir de hoje, sempre que algum blog comentar alguma notícia do jornal, irá aparecer um link para esse post na area lateral da notícia, logo abaixo da foto principal da matéria. Para fornecer os links, o jornal utiliza a ferramenta Twingly. A estratégia segue a tendência de outros jornais europeus, que também linkam para blogs em suas notícias, como o Politiken, da Dinamarca, e o Dagens Nyheter, da Suécia.
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Imagem: primeiros trackbacks na notícia de lançamento do serviço
O problema prático: sistemas assim podem atrair muitos links irrevelantes, como no caso de blogueiros mal intencionados querendo atrair visitas para seus blogs a partir do trackback (afinal, aparecer em lugar de destaque em uma notícia, bem ou mal, sempre atrai alguma visita). Mas há uma solução – o pessoal do Público foi esperto o suficiente para incluir um link para reportar trackbacks maliciosos.
Via Ponto Media.

A elite do jornalismo

A Carla comentou, no post anterior, sobre uma coluna do David Coimbra no jornal Zero Hora, na qual ele critica o jornalismo praticado por não jornalistas. O mesmo colunista teria iniciado, algum tempo antes, o concurso cultural “Leitor cronista“. Contraditório? Talvez… O fato é que a coluna, de certa forma, faz ressurgir das cinzas o famigerado debate amadores X profissionais (cuja discussão quase sempre descamba para a já batida falsa disputa entre blogueiros e jornalistas).
O trecho final da coluna de David Coimbra (Zero Hora, 14/03/08) traz as seguintes palavras:

“Não quero ouvir algo que é feito pelo ouvinte, nem ler o que o leitor escreve. Quero o trabalho do especialista, do jornalista de comprovadas experiência e competência. Quero consumir a elite, não a mediocridade. Até democracia demais cansa”

Ou seja: David Coimbra posicionou-se contra o jornalismo participativo em bloco. Pelas palavras dele (leia a coluna inteira), daria para depreender que qualquer produção de conteúdo jornalístico que não fosse feita pela “elite” de jornalistas profissionais não teria valor algum.
Talvez o grande problema do texto tenha sido o tom incisivo e firme que ele usou para comparar a produção de notícias feitas por jornalistas e não jornalistas (defender com veemência uma opinião, qualquer que seja, sempre gera vozes dissonantes). O posicionamento foi tão forte que provocou reações nos comentários da versão da coluna publicada no blog. Algumas horas depois, David Coimbra postou um breve esclarecimento – mantendo a posição de ser contra não-jornalistas publicarem textos jornalísticos, mas explicando que não tinha nada contra o leitor¹ participar com opinião ou com colaborações que não fossem textos jornalísticos stricto sensu (meio que tentando defender a interação que ele normalmente mantém com seus leitores).
De qualquer modo, que tanto mal os jornalistas vêem em se poder contar com uma eventual “concorrência” (não há concorrência, e sim complementariedade) com a produção amadora de conteúdo? Se o problema é chamar de jornalismo o que o não-jornalista faz, resolveria se a gente chamasse por qualquer outro nome? É sempre tão ruim assim quando alguém sem formação jornalística produz textos jornalísticos? Todo “jornalista cidadão”² seria incapaz de contribuir com qualquer informação relevante? (Quanto tempo ainda vai levar para a mídia tradicional perceber que nem toda audiência é formada apenas por Homer Simpsons?)

¹ O termo leitor só faz sentido em um contexto de comunicação de massa… Mas isso mereceria toda uma discussão à parte.
² A expressão “jornalista cidadão” também é lá um tanto estranha — os demais repórteres (a “elite”) seriam desprovidos de cidadania?


Em tempo: o dosh dosh traz uma lista com dez dicas de fontes de informação para produzir um blog de sucesso (ou, em outras palavras, como produzir conteúdo específico, construir credibilidade reputação, e fazer um trabalho relativamente próximo ao jornalismo, mas sem deixar de ser blogueiro). Para quem procura algo mais na linha da mídia cidadã, o guia “Conquiste a Rede – Jornalismo Cidadão” [PDF] pode ser uma boa opção.

Papel, caneta e uma boa história para contar

Na edição de fevereiro do Carnival of Journalism (projeto que inspirou a criação da Ciranda de Textos), o estudante de jornalismo britânico Dave Lee sugeriu, em seu blog no Press Gazette, uma lista de equipamentos que deveriam constar no bolso de qualquer estudante de Jornalismo. A proposta era apresentar uma lista básica de ferramentas que um estudante deveria ter e carregar consigo sempre. De forma sintetizada (não deixe de visitar o post para conhecer os argumentos), os itens seriam o seguintes:
– Papel e caneta
– Celular
– Gravador de áudio
– Câmera digital
Na ocasião, cheguei a fazer um comentário ao post sugerindo que um bom celular com recursos de imagem e vídeo poderia substituir pelo menos a necessidade de uma câmera digital (e talvez até o gravador de áudio), desde que a câmera do celular tivesse uma qualidade razoável – o que traria ainda como vantagem a possibilidade de se enviar fotos direto do celular para o Flickr Móvel, ou então enviar vídeos por MMS para o YouTube.
Mas um post de ontem no Atrium resgata a discussão e põe de uma forma bem mais clara o que realmente importa para o estudante de jornalismo jornalista: ter o que dizer, independente de poder contar com dispositivos tecnológicos de última geração. A grande questão não é só carregar dispositivos técnicos e aparatos mirabolantes, mas sim carregar equipamentos que efetivamente irão ser utilizados. O meio não é a mensagem. De nada adianta levar sempre a tiracolo uma câmera de última geração se não se souber como contar histórias por imagens… Ou, como colocou Luis Santos, no Atrium, “O determinante é o que fazemos com as coisas…e não a sua simples existência”.
… mas, é claro, ter o costume de carregar sempre os equipamentos necessários é extremamente útil – afinal, nunca se sabe quando se estará diante de algum fato com interesse jornalístico (ou blogosférico, ou pitoresco, ou inusitado…). Pelo menos o papel e a caneta, para todas as situações, são indispensáveis 😛

Mais sobre o fim do jornal em papel

Muito tem se dito sobre a possibilidade de a Internet vir a acabar com o jornal em papel. Mas a situação não é bem assim: cada meio tem seu espaço, e assim como a televisão não acabou com o rádio, a Internet também não acabará com a imprensa. Meios diferentes conquistam públicos diferentes, e é preciso aprender a conviver com isso. A grande questão não é se os jornais vão acabar, e sim o que é preciso fazer de diferente para evitar que eles acabem.
Preocupada com essa situação, Romina, do blog En El Medio, traz a lista elaborada em 2005 pelo Real Simple de 10 novos usos para o jornal em papel:

1. Desodorizar caixas de alimentos
2. Amadurecer tomates
3. Empacotar coisas delicadas
4. Limpar vidros.
5. Preservar antigüidades de cristal.
6. Secar sapatos.
7. Embrulhar presentes.
8. Usar como capacho para secar as botas de neve encharchadas.
9. Preparar o jardim.
10. Manter a gaveta de verduras da geladeira seca e livre de odores.

Também daria para incluir um item 11, ou substituir o 8 (já que não temos neve), por: jornais são ótimos para fazer banheiros para animais domésticos.
Não, isto não é uma piada. A idéia é buscar alternativas ecológicas para o jornal em papel, aproveitando-se do fato de que o papel jornal é bastante absorvente. Mas óbvio que isso não tem absolutamente nada a ver com a discussão online/offline – embora seja interessante ler o artigo “Should I Cancel My Newspaper Subscription?” da Slate (via Ponto Media), que traz os prós e contras, sob o ponto de vista do meio ambiente, de se ler notícias online ou offline. Um trechinho:

“Paper may be an energy hog, but so, too, are the servers and desktops that make online newspapers possible”

Dá o que pensar. Leia o texto completo aqui.

Mercado de trabalho para jornalistas

Versão pessimista: A concorrência no mercado de Jornalismo no Brasil é grande. A cada ano, milhares de novos jornalistas saem da faculdade e tentam ingressar no mercado de trabalho. O ingresso no curso de Jornalismo se torna a cada ano mais concorrido. Mas o número de vagas nas grandes empresas jornalísticas do país não cresce na mesma proporção. O resultado é muita gente desempregada, ou tendo que ir trabalhar em outras áreas. E esse cenário assusta.
Versão otimista: O mercado de trabalho para o jornalista é bastante concorrido. Mas basta ser um profissional versátil, que sempre haverá uma vaga para quem realmente se esforça e procura. Além do mais, hoje em dia, com um pouquinho de espírito empreendedor e uma boa visão de mercado, é possível começar o próprio negócio. Nunca se teve tantas possibilidades, e muitas delas surgiram em decorrência do avanço da web. Existe vida além do jornalismo tradicional, fora das redações. E o primeiro passo é reconhecer isso.
Em qual desses cenários é mais fácil acreditar?
periodista_frustrado.jpgO Colegio de Periodistas de Chile iniciou, no final de 2007, uma campanha no mínimo curiosa. Intitulada “Não seja um jornalista frustrado“, a ação objetiva buscar esforços para esclarecer aos ingressantes nos cursos universitários de Jornalismo no país a necessidade de se observar a qualidade dos cursos e o campo de atuação do jornalista. O motivo? Um estudo realizado pela Universidade Adolfo Ibañez indicou que, após dois anos de formado, um em cada cinco jornalistas do Chile estava desempregado. Dentre os 80% que conseguiam emprego, 44% não trabalhavam como jornalistas. (Não sei como andam as porcentagens aqui pelo Brasil. Mas ver os colegas se formar e não conseguir emprego assusta mais do que um punhado aleatório de estatísticas.)
É comum atribuir o problema da falta de emprego à má qualidade dos cursos. Mas será que o problema está apenas na formação? Será que em parte também o problema pode ser culpa do aluno? Fazer um curso universitário não é uma garantia de que se adquirirá conhecimento, de que se estará preparado para o mercado. A única obrigação da universidade é fornecer os subsídios e as ferramentas (livros, aulas, atividades extra-classe) para que o aluno construa o conhecimento. Mas fazer um curso não garante que se esteja preparado para a profissão. E muito menos estar formado garante o ingresso no mercado de trabalho.
Embora não haja uma fórmula definitiva para sair do curso de Jornalismo com um emprego garantido, há inúmeras listas e sugestões do que fazer para quem, como eu, ainda é estudante e quer aproveitar ao máximo o tempo de graduação para facilitar depois o ingresso no mercado de trabalho. Abaixo, segue a lista elaborada por Greg Linch, estudante de Jornalismo da Universidade de Miami, que, em seu terceiro ano de universidade, já traz na bagagem um currículo bastante vasto e invejável – mais ou menos na linha do que representa o Dave Lee para o Reino Unido. A lista é na verdade uma compilação de sugestões e recomendações disponíveis sobre o assunto web afora (meus comentários estão entre parênteses):
1. Use bastante a Internet (algo como: existe vida além do Orkut).
2. Leia blogs sobre jornalismo online (uma boa dica é seguir o caminho da primeira edição da Ciranda de Textos).
3. Comece um blog (se você ainda tem dúvidas quanto a isso, vale a pena ler a discussão iniciada no LinkedIn e continuada no Online Journalism Blog).
4. Aprenda a contar histórias de mais de uma forma (aqui vão algumas dicas).
5. Sites importantes: entre para o LinkedIn (substituto brasileiro: Via 6) e adicione o Poynter aos seus favoritos (substituto brasileiro: Observatório da Imprensa? Jornalistas da Web? Comunique-se?)
6. Você tem experiência? Trabalhe nos veículos de sua universidade, e procure por experiências fora da faculdade (também conhecido como: estágio).
7. Utilize os recursos da universidade: converse com alunos mais antigos, e conheça seus professores (e também cabe a ressalva de que se deve procurar fazer isso ainda antes de entrar para o curso).
8. Networking: faça contatos.
9. Conheça o mercado. Leia sobre ele (siga a bolinha e acompanhe os textos desta edição da Ciranda).
10. Esteja aberto a mudanças (o que permite retornar a um dos pontos iniciais deste post: nem todo jornalista precisa necessariamente trabalhar como repórter).
(Veja a lista original aqui.)
As dicas não garantem um emprego. Mas certamente ajudam a deixar o estudante de Jornalismo um pouco mais preparado para, ao término da faculdade, tentar o ingresso no assustador mundo do mercado de trabalho. Ou, pelo menos, nos ajuda a ter uma visão do mercado um tanto mais realista (na verdade, confesso que a minha visão é a mais pessimista possível, ainda mais depois da discussão que houve na lista de Jornalistas da Web a partir de uma vaga para jornalista por lá postada que oferecia um salário relativamente baixo – essa discussão inclusive acabou inspirando a temática desta edição da Ciranda de Textos).

*Conforme antecipado alguns pixels acima, este post faz parte da segunda edição da Ciranda de Textos. Esta rodada está sendo hospedada no blog Meio Digital.