Category Archives: querido diário

Síndrome do cursor piscando na tela vazia

Acho que estou com a síndrome do cursor piscando na tela vazia. Trata-se de uma doença muito freqüente em pessoas que se sentem obrigadas a escrever sobre determinados assuntos, mas que, por algum motivo, não conseguem. Como conseqüência, elas tendem a pôr a culpa nos programas de edição* dos sistemas operacionais convencionais, cuja distribuição de informações na tela prioriza uma imensa área em branco com a presença de um cursor intermitente deixando um pequeno espaço para a criatividade individual (manifesta pela possibilidade de dispor as ferramentas das caixas de diálogo em uma posição diferente, ou pelas inúmeras combinações de cores e fontes permitidas). Fora isso, predomina a ditadura da tela branca. E a do maldito cursor intermitente, esse i i i que não nos deixa em paz.
Pior que isso só o barulhinho do ventilador do computador. Existe ruído mais desinspirador que esse?
Preenchi metade da tela e o cursor permanece a piscar – insistente, chato, repetitivo, monótono e sagaz. Queria escapar para um mundo sem cursores e sem ruídos – mas sem que isso significasse o fim da possibilidade de escrever e alterar o que se escreve, em tempo real. As máquinas de escrever também produziam ruídos. O mais arcaico dos lápis emite sons ao roçar a ponta de sua grafite sobre o papel. Estamos confinados à ditadura da folha branca, à ditadura do som para se chegar à escrita? Escrever precisa ser sempre uma tarefa ruidosa? Bom, pelo menos do cursor é possível se livrar…

* Um sentimento análogo toma conta de mim diante das caixinhas de comentários dos outros blogs. Leio os posts. Compreendo. Mas não consigo me expressar. Culpa do cursor? Culpa do espaço em branco? Culpa do ruído do processador? Ou culpa de uma mente desacostumada a pensar?

Marcadores:

Crise básica

Estou numa fase em que acho que tudo o que faço é inútil, tudo que escrevo é sem graça, e tudo o que leio não faz sentido. E a tendência é só piorar – semana que vem começam as provas. Mesmo assim, tenho a consciência de que se eu parar de fazer, ler ou escrever, estarei cada vez mais longe de encontrar uma saída. Até porque tudo isso faz parte de um continuum – ter de fazer algo leva a ler, e a leitura estimula a escrita. Um não funciona sem o outro.

Em tempo: a Resolução Blogal não está sendo seguida. Essas universidades não aprendem… 😛 Terei 8 provas em 5 dias.

— Update: os fatos se repetem ciclicamente?

Marcadores:

Jogo do Inter em Bagé

Dêem uma olhada nesta notícia.

É impressão minha ou eles praticamente destruíram a imagem da minha cidade? o.0
O interessante é que a partida Inter X Guarany-BA realmente movimentou Bagé. O povo encarou como um verdadeiro espetáculo. Era o evento da cidade no final de semana. Até meu pai foi – apesar de não torcer nem para o Inter, nem para o Guarany.
É nisso que dá chegar à primeira divisão após ficar anos e anos na segunda divisão do campeonato estadual. O pessoal fica deslumbrado 😛

Marcadores:

Criatividade tolhida

Espero que a crise seja breve. Só sei que não consegui escrever sequer uma linha decente de texto nas últimas duas semanas 😛

Marcadores:

Cidade fantasma

Praticamente ninguém fica em Bagé durante o carnaval. As pessoas aproveitam os dias de folga para ir à praia, ou para curtir a folia em algum outro lugar. Há até quem prefira fugir para o campo para descansar. O resultado é uma cidade vazia, quase desértica, no período que vai da sexta-feira que antecede o início do carnaval até o meio-dia da quarta-feira de cinzas.

(Este ano ainda há um agravante: a seca, que deixa a cidade sem abastecimento de água por dezoito horas por dia.)

Pelo menos metade das pessoas que foram/irão viajar nesses dias (o ideal seria poder chamar de “feriado”, mas feriado não é, tecnicamente, pois só é feriado nacional o que foi definido em lei, e, bizarramente, no Brasil não é considerado feriado nacional durante o carnaval) vão para a praia do Cassino (em Rio Grande-RS, a cerca de 300km de Bagé). O movimento de migração Bagé-Cassino no verão (e mais especificamente no carnaval) é tanto que as rádios e jornais locais costumam instalar sucursais de praia no Cassino. É até possível transferir a assinatura dos jornais locais para lá.

No caso específico do período da maior festa popular do Brasil, até os blocos de carnaval dos clubes da cidade migraram para o Cassino, a ponto de um dos clubes mais tradicionais de Bagé, o Clube Comercial, ter desistido de promover o seu tradicional baile de carnaval anual. Como alternativa, os bajeenses pulam carnaval na Sociedade Amigos do Cassino, com direito a se sentir quase em casa, tamanha quantidade de conterrâneos que pode encontrar, tanto nos blocos quanto fora deles.

A outra metade das pessoas que saem de Bagé vai em direção a outras praias (como exemplo, Punta Del Este, no Uruguay, também possui uma boa base de bajeenses) ou “para fora” (as pessoas aproveitam a folga do carnaval para curtir um descanso em fazendas, chácaras, sítios, ou em campings).

O resultado são ruas vazias, comércio fechado e poucos carros circulando. Só não é uma verdadeira cidade fantasma porque tem sambódromo, escolas de samba e blocos de rua. Do contrário, Bagé ficaria vazia. Corre até a piada de que o último a sair da cidade no carnaval não deve se esquecer de fechar a porteira.

Marcadores:

Viagem de ônibus

Os ônibus que fazem a linha Pelotas-Bagé-Pelotas são um tanto antigos e desconfortáveis. A maior parte deles possui ar condicionado. Alguns poucos possuem “ar condicionado digital” (aquele que a gente abre com o dedo: janela). Mas, mesmo quando o ar funciona, muitas vezes ele é insuficiente para refrescar todos os passageiros – principalmente nos dias quentes de verão. Além do ar, há o problema dos bancos. Os assentos são duros e reclinam pouco. Entretanto, no geral, o problema maior nunca é no ônibus em si, mas sim no modo como as pessoas se comportam dentro dele a cada viagem que se faça.

Ontem fiz uma viagem noturna (nada de livros, portanto). O trajeto era Pelotas-Bagé. Não havia crianças chorando, nem pessoas conversando em alto tom como se estivessem na sala de suas casas. Talvez porque fosse de noite, o silêncio reinava – não o tempo todo, mas durante boa parte dele. Ninguém sentou do meu lado durante a viagem inteira. Percorri os quase duzentos quilômetros que separam a casa dos meus pais da cidade onde vivo a maior parte do ano com o banco ao lado de mim totalmente vazio. Em tese, isso é bom. Como legítima anti-social, não precisei me sentir culpada por não cumprimentar o estranho do assento ao lado, ou não tive de ficar me remoendo por horas por não ter sequer virado o rosto para o lado quando algum ser de fisionomia duvidosa perguntasse se o lugar ao meu lado estava vago.

Mas mesmo que a viagem na maior parte do tempo estivesse tranqüila, sempre há ressalvas. Em um dos raros momentos em que havia sinal de telefonia celular ao longo da estrada, uma passageira conversava com sua mãe ao celular, pelo odioso sistema de conversa de três segundos. O toque do aparelho era incrivelmente alto e irritante. E, para piorar, cada vez que a mãe ligava, a jovem apenas repetia “Fala, mãe”.

Além disso, toda vez que percorro o trajeto Pelotas-Bagé me pergunto de onde saem tantas pessoas que moram na beira da estrada. Quase todos os ônibus que percorrem essa linha intermunicipal o fazem na modalidade “comum” (o vulgo “pinga-pinga”), o que faz com que o carro tenha que parar em todo e qualquer ponto da estrada onde haja passageiro para subir ou para descer. Em tese, não há diferença nenhuma entre o ônibus comum e o direto: ambos costumam percorrer o exato mesmo trajeto. O que muda na prática é o tempo em que a distância será percorrida e o fato de que no ônibus comum se torna praticamente impossível de se fazer qualquer atividade como dormir ou ler, pois quando se vai começar a pegar no sono, ou quando se está prestes a terminar um parágrafo do texto, o ônibus pára de repente e joga nosso corpo para trás. O resultado é que somos forçados a encontrar outras maneiras de escapar do tédio, como conversar ou pensar. Geralmente (quase sempre) opto pela segunda opção, o que me permite dizer que já tomei muitas decisões importantes durante viagens de ônibus, por mais estranho que isso possa parecer.

Enfim, fazia tanto tempo que eu não percorria esse trajeto (ou qualquer outro trajeto) de ônibus que já tinha até me esquecido o quanto uma viagem (no sentido físico da palavra – ação ou efeito de percorrer uma distância) pode ser inspiradora. Isso de ser forçado a conviver com pessoas estranhas, com opiniões divergentes e ações discrepantes, em um espaço físico restrito e por um período de tempo limitado, pessoas cujo único ponto em comum seja o desejo de chegar a um determinado lugar, é capaz de despertar os mais diversos e conflitantes pensamentos. Nada como viver uma situação absurda para voltar a ter vontade de criar. Viajar de ônibus era o que eu precisava fazer para voltar a postar 😛

Marcadores:

7 anos de azar

Quebrei um espelho. Terei 7 anos de azar? Ótimo. Ao menos tenho a garantia de que viverei por pelo menos mais 7 anos 😛

Origem da superstição:
A lenda do espelho quebrado existe há muito tempo. A imagem de uma pessoa, seja em reflexo, retrato ou pintura, era considerada parte dessa pessoa, e qualquer coisa que acontecesse com a imagem, aconteceria também ao ser que a tivesse destruído.

Marcadores: