Monthly Archives: March 2007

Orkut ainda não morreu

…a.k.a. Indianos também acreditam em correntes, parte 2

(sem assunto)

HEY ITS DIANNA, FROM THE DIRECTOR OF ORKUT,EVERYBODY SORRY FOR THE INTERRUPTION BUT ORKUT IS CLOSING THE SYSTEM DOWN BECAUSE TOO MANY BOTTERS ARE TAKING UP ALL THE NAMES, WE ONLY HAVE 57 NAMES LEFT, IF YOU WOULD LIKE TO CLOSE YOUR ACCOUNT, DONT SEND THIS MESSAGE, IF YOU WANT TO KEEP YOUR ACCOUNT ,SEND THIS MESSAGE TO EVERYONE ON YOUR LIST. THIS IS NOT A JOKE, YOU’LL BE SORRY IF YOU DONT SEND IT. THANKS DIRECTOR OF ORKUT, TIM BUISKI. WHOEVER DOESNT SEND THIS MESSAGE, YOUR ACCOUNT WILL BE DEACTIVATED AND IT WILL COST YOU $ 10.00 A MONTH TO USE IT.

Vamos aos fatos:
– Dizer que se fala em nome do diretor da organização torna a mensagem mais importante?
– Eles pedem desculpa pela interrupção, mas… e se eu não quisesse ser interrompida?
– O que vem a ser um botter?
– Eles têm 57 nomes de quê sobrando? Nomes de usuário? Nesse caso, teria sobrado provavelmente só coisas absurdas, tipo, 16hgs8tt25. Melhor negócio seria vender contas do Orkut para futuros interessados em entrar para a rede social. Com aquela história da lei da oferta e da procura, certamente teríamos pessoas do mundo todo interessados em pagar bem caro por uma conta. Principalmente os indianos. O Orkut já não faz mais tanto sucesso no Brasil mesmo… Mas, peraí, por acaso o nome dos usuários do Orkut precisa ser exclusivo? Estariam então acabando no universo irreal criado pela corrente as Contas Google como um todo?
– Enviar a mensagem para todos faz manter a conta. Não agir leva à destruição. Ação leva à inação, e a inação leva à ação? E a lei da inércia?
– Clássico. Dizer textualmente que não é uma piada é ter a garantia de que realmente se trata de uma piada.
– Você vai se arrepender se não enviar esta mensagem… Mas e se a pessoa estava apenas esperando um pretexto para sair definitivamente do Orkut?
– Diretor do Orkut – Tim Buiski. Busca rápida Google: pelo menos os 10 primeiros resultados associam o nome a práticas de spam e hoaxes. Inclusive do Yahoo.
– Falta uma vírgula após o thanks. Do contrário, parece que a mensagem está agradecendo ao pseudodiretor do Orkut pela medida absurda (o que, forçando a barra, pareceria uma ironia), ao invés de ser o falso-diretor do Orkut quem está agradecendo pela atenção 😛
– Então, vejamos… se a pessoa envia a mensagem para todos da lista, mantém a conta. Se não envia, perde a conta – e, como punição extra, terá de pagar 10 “dinheiros” (dólares, talvez) por mês para poder voltar a usá-la.

Conclusão – ninguém pode alegar que a corrente não funciona, pois, ao enviar para todos os amigos da lista, a pessoa irá manter a conta – funcione a corrente ou não – mas às custas de torrar a paciência de todos os seus amigos com o envio de mais uma corrente pelo Orkut…

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Aula de globalização no cinema

Quer entender como funciona a globalização? Assista Babel. Com o filme dá para ter uma boa noção de como é que se dá essa história de que uma ação implica em outra em um mundo globalizado. Um ato praticado de um lado do mundo, por mais sutil que seja, pode provocar reações as mais absurdas do outro lado do planeta – o que tem tudo a ver com a teoria do caos, pela qual o bater de asas de uma borboleta no Japão seria capaz de provocar um furacão em New York (no sentido de que o ventinho produzido pelas asas da borboleta fosse capaz de tocar uma corrente de ar que fosse capaz de ir adiante, multiplicando forças, até chegar na tempestade). No filme, os nexos causais são um pouquinho mais explícitos. E os pontos vão se ligando aos poucos, não necessariamente de forma linear. As tramas se entrelaçam de tal modo que o principal do filme não é o final, mas a seqüência de cenas. A trilha sonora também é fantástica. Não é à toa que levou o Oscar.

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A incrível história dos emoticons

Conforme atestam várias páginas da web, o emoticon, ou a idéia de representar graficamente emoções na tela do computador, teria surgido por acaso, numa tentativa de ajudar a distinguir entre mensagens de humor e mensagens mais sérias. Uma cópia do log da discussão que deu origem às clássicas carinhas “:-)” e “:-(“ pode ser ainda encontrado na Internet. Scott E. Fahlman se diz o inventor do :-), e a invenção teria se dado no começo dos anos 80.

Outros afirmam que o primeiro emoticon teria aparecido ainda em 1979, pelas mãos de um tal de Kevin Mackenzie. Ele teria usado o estranho símbolo -) para expressar graficamente uma emoção na tela do computador. A idéia era representar uma língua no queixo (o hífen representa uma língua, e não um nariz) para passar a idéia de humor. Mesmo que se pareça fisicamente com :-), o significado era diferente. Mesmo assim, -) não parece ter servido como inspiração para os demais emoticons que foram surgindo depois.

Indo mais a fundo ainda, em uma entrevista para o New York Times em 1969, Vladimir Nabokov teria afirmado: “Eu muitas vezes penso que deveria haver um sinal tipográfico especial para um sorriso – algo como uma marca côncava, um parêntese deitado, o qual eu gostaria de traçar agora como resposta a sua questão”. Seria essa uma previsão abstrata histórica do que seria anos depois um emoticon?

Qualquer que tenha sido o pai do emoticon, desde o princípio os sinais textuais eram uma maneira simplificada de representar graficamente as emoções em interações virtuais, bastante apropriada para o baixo desempenho dos primeiros computadores aliado às irrisórias velocidades de interconexão dos primórdios da Internet. De lá para cá, os emoticons foram se desenvolvendo, e novas versões aprimoradas, coloridas, na forma de desenhos ou em 3D, foram surgindo. Muitas vezes, usam-se até emoticons que nem sequer representam emoções, como no caso de se usar uma xícara para indicar café.

De acordo com a etimologia popular, emoticon viria do inglês emotion (emoção) + icon (ícone). Segundo a Wikipedia, um emoticon é uma arte em ASCII usada em mensagens textuais como uma marca informal para indicar emoções e atitudes que poderiam ser feitas pela linguagem corporal nas comunicações face-a-face.

Os emoticons costumam funcionar como ícone ou índice. Será ícone quando guardar semelhanças físicas com o objeto real que representa (ex.: forçando um pouco, 🙂 guarda uma certa analogia com o modo como o rosto de alguém se parece ao sorrir). Já o índice é quando algo faz lembrar outra coisa por uma relação de similaridade conceitual. É mais ou menos o que acontece com uma xícara de café ao lado de um nome para indicar que o usuário está longe do computador. Xícara lembra café que lembra momento de descontração e descanso. Outro exemplo é a figura de uma violão para significar música.

Formas aprimoradas de emoticons também surgiram com o tempo. Como exemplo, há o estilo da Ásia Oriental, que são emoticons textuais que não requerem que se vire a cabeça para serem compreendidos, como (-_-) para significar tristeza ou tédio. Atualmente, os programas instantâneos de trocas de mensagens costumam vir com emoticons gráficos animados, como é o caso do MSN Messenger.

Sejam gráficos, lineares, ou textuais, o que importa é que os emoticons são um elemento indispensável na nossa vida virtual. Sem eles, grandes desentendimentos poderiam ocorrer, na medida em que as pessoas teriam dificuldades em compreender o estado de espírito de quem escreve uma frase puramente textual na Internet. De outro modo, como identificar que algo se trata de ironia, sarcasmo, deboche, piada, pilhéria, ou da mais pura e insana verdade?

Links relacionados:

10 fatos sobre os smileys* – matéria especial do GuardianUnlimited que resume a trajetória dos smileys. Texto de 2002.
Livro “Smileys” – escrito em março de 1997 por David Sanderson, trata-se de uma tentativa de catalogar todos os smileys existentes até então.
Smiley Dictionary – segundo o GuardianUnlimited, há vários outros dicionários similares na Internet.

* não consegui encontrar nenhuma página que me explicasse a real diferença entre emoticon e smiley. Talvez seja algo sutil como o primeiro termo para tudo e o segundo apenas para as carinhas…

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Controle do tempo

Por que é tão difícil controlar a relação atividades por fazer / tempo disponível?

Possíveis razões – é inerente à natureza humana tentar considerar o tempo como uma medida linear, como algo que possa ser ‘medido’. Assim, na ânsia de atingir a máxima produtividade, muitos crêem veementemente que trabalhar mais horas traz como conseqüência lógica uma maior produtividade. Entretanto, não é bem assim que funciona. Muitas variáveis entram em cena para determinar a produtividade. Esses fatores podem ser de ordem pessoal, psicológica, institucional, econômica, entre outros. Na prática, até o ambiente onde se está realizando a atividade pode influir no tempo a ser despendido para realizá-la.
Outro motivo que nos mantém na ilusão de que o tempo é controlável é tentar usar como parâmetro para a produtividade a experiência dos outros, desconsiderando o fato de que cada ser humano vive em um contexto diferente e realiza ações diferentes, de modo diferente, em momentos diferentes, o que os leva a ter predisposição em níveis diferentes para fazer cada coisa.

Okay, a teoria está devidamente assimilada. Mas, na prática, não consigo entender por que não está dando tempo para fazer as coisas! Estou tendo dificuldades em administrar meu tempo desde o início do semestre. Gasto tempo demais com atividades improdutivas (entenda-se por improdutivo algo que se faça em momentos de ócio, mas em sentido oposto à noção de ócio criativo), e, como conseqüência, não sobra tempo para outras coisas também interessantes, como, por exemplo, participar mais ativamente na blogosfera (isso sim seria ócio criativo). Estou atrasada nas leituras jurídicas, não consigo achar tempo para fazer as coisas, estou sempre cansada e sem paciência, mas, proporcionalmente, tenho três vezes mais tempo livre que no ano passado (tomando-se como critério de comparação eu mesma no ano passado, vou precisar correr muito para conseguir me atingir 😛 A pior competição é contra si próprio…).

Se alguém aí souber uma fórmula para melhor aproveitamento do tempo, me avise – estou precisando desesperadamente de uma 😛 (mesmo sabendo que fórmulas para controlar o tempo não existem… mesmo sabendo que o tempo não tem controle…)

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Falha no Digg

Essa é boa. Uma jornalista da revista Wired queria provar que existiam falhas no funcionamento do Digg. E conseguiu.

A matéria, intitulada “I Bought Votes on Digg” (“Eu comprei votos no Digg”), explica detalhadamente como Annalee Newitz, jornalista da Wired, conseguiu contratar uma empresa norte-americana para burlar o sistema de votos do Digg.

O Digg é um exemplo típico de site da Web 2.0, baseado na colaboração dos usuários. Cada usuário pode participar através do envio de links para postagens de blogs, notícias, sites ou qualquer outra página da Internet que seja interessante ou inusitado, e o resto da comunidade participa dando um voto positivo ou negativo ao material enviado. Os materiais mais votados adquirem popularidade de forma astronômica, pois, à medida que recebem mais votos, recebem maior visibilidade, o que leva a uma maior quantidade de votos, num círculo vicioso que só não permanece por mais tempo porque outras novidades podem surgir, e as pessoas seguem a onda e passam a votar na novidade seguinte. Aliás, o verbo to digg, em inglês, significa cavar, ir a fundo, o que tem tudo a ver com a forma de funcionamento do site.

O que a jornalista da Wired fez foi contratar um serviço pago para alavancar a popularidade de uma página intencionalmente criada para testar as falhas do sistema do Digg. Para isso, Newitz criou um blog fraco e sem muito propósito, reunindo fotos de multidões coletadas aleatoriamente no Flickr, mas sem que houvesse muita lógica na escolha das imagens. De uma página totalmente desconhecida no ciberespaço, o blog se transformou em um grande fenômeno no Digg. Para tanto, Newitz teve de desembolsar U$20 para o serviço, mas um adicional de U$1 por voto. Além dos votos pagos, o blog recebeu inúmeros votos de pessoas que seguiram a onda e também deram um ponto positivo à página. Mas não tardou muito para as pessoas percebessem que o blog não tinha razão nenhuma para estar no topo da página, e ele acabou caindo.

A maluquice serviu para provar que o Digg apresenta falhas, mesmo que a empresa insista em dizer que o sistema é praticamente infalível.


A notícia foi recebida pelo feed de Mídia do Le Monde. Também recebo feeds da Wired, mas por algum motivo essa história tinha me escapado. Não sei até que ponto gosto desse sistema de só receber notícias selecionadas por RSS. Ás vezes acompanhar um jornal completo seria útil para saber o que acontece no mundo em áreas as quais geralmente não demonstro qualquer tipo de interesse. Por exemplo, de que outro modo eu poderia saber que algum time de futebol jogou, ganhou ou perdeu, se não for a partir da capa de um jornal impresso? Talvez eu reconsidere o cancelamento da assinatura do jornal impresso. Não estou pronta para receber informações apenas pela Internet.

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Direito e jornalismo

A coluna do Ombudsman do Comunique-se desta semana menciona a importância de um jornalista saber usar adequadamente os termos jurídicos. Mesmo que só tenha noções gerais de Direito, um bom jornalista deveria ter o telefone de um advogado sempre por perto, para tirar as dúvidas mais freqüentes. O que não dá é para esbarrar em terminologias obscuras ou juridiquês barato. Um exemplo clássico é quando algum artigo de uma lei qualquer diz ser “defeso” o direito de fazer alguma coisa. A tendência natural do ser humano é achar que algo que é defeso é proibido, quando, na verdade, o significado da palavra remete a algo que é o completo oposto. Um dos exemplos citados pela coluna (confundir mandato por mandado) aconteceu até na prova do concurso para o TRF da 4ª região, supostamente elaborada por Operadores do Direito. O pessoal estava querendo anular uma questão inteira porque dizia mandato ao invés de mandado em uma das alternativas.
Depois dizem que Direito e Jornalismo não têm nada a ver. Os dois cursos são, sim, muito similares. Basta ter a chance de conviver com ambos para perceber… 😛

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Um quase-google-bombing

1 – Entre no Google
2 – Digite “entediante” no campo de buscas. Sem aspas.
3 – Clique em “Estou com sorte”.
Voilà. E eu nem precisei fazer um google bomb para isso.

Pergunta prática: se eu quisesse alterar o conteúdo da postagem para algo feliz (tipo, associar a palavra da busca a alguma personalidade política), o resultado no Google permaneceria o mesmo? Eu poderia fazer um Google bombing ao contrário? 😛

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Jornalismo interpretativo

Ainda na mesma linha do post sobre o mundo sem jornalistas

“Está claro que o rádio não acabou com o livro, a TV não acabou com o rádio e nem a TV e o rádio juntos acabaram ou vão acabar com os jornais, muito menos a internet. O suporte de papel é insubstituível em sua especificidade, pelo menos no modo conhecido. As mídias se complementam e todas se voltam para a conquista do leitor com serviços de qualidade.
O diferencial é exatamente a qualidade.”

(trecho de “O texto interpretativo”, de Pedro Celso Campos, no Observatório da Imprensa)

O artigo completo trata-se de uma verdadeira aula de jornalismo interpretativo, que explica como, quando e por que interpretar e em que situações o jornalista deve fazer isso. A essência do jornalismo impresso estaria na interpretação. Em um mundo no qual os avanços tecnológicos permitem que se transmitam os acontecimentos enquanto ainda estão acontecendo, seria um engano relegar ao jornal impresso a tarefa de simplesmente informar sobre os fatos do dia-a-dia. A informação dada pela imprensa chega com até um dia de atraso em relação aos meios eletrônicos (tevê, rádio e Internet). E para compensar isso, para dar um motivo para o leitor comprar o jornal do dia seguinte após ter visto o fato ao vivo pela televisão, escutado a informação pelo rádio, ou acompanhado minuto a minuto pela web, um dos caminhos é apresentar a informação interpretada, com análises, cruzamento de fatos, analogias, comparações, dados que ajudem a contextualizar o fato e conclusões. Só assim o jornalismo impresso não estará perdido.

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