Monthly Archives: July 2007

Google poderá ter que indenizar usuário do Orkut

Segundo esta notícia, houve uma decisão condenando o Google a pagar indenização a um usuário do Orkut que teve o perfil clonado. A decisão foi em primeira instância, o que significa que o Google ainda pode recorrer. Mas… em termos práticos, isso significa que, se alguém cria um perfil falso que ofenda um terceiro, ou crie ‘comunidades’ falando mal de alguém, a rede social onde tudo isso acontece pode ter a obrigação de indenizar. Em que mundo a gente vive?

Fazendo analogia com um blog, é como se alguém sofresse uma ofensa em post ou em comentário (respectiva e analogamente, em perfil de orkut ou em comunidades) pudesse culpar o proprietário da ferramenta que hospeda o serviço (Blogger, WordPress, e coisas do tipo)???

Claro que a situação envolvendo o Orkut foi bastante peculiar, pois o juiz reconheceu que houve litigância de má fé por parte do Google. Litigância de má fé é o ‘termo jurídico absurdo’ utilizado quando umas das partes faz de tudo para atrasar o andamento do julgamento. No processo em questão, a Google Brasil afirmava o tempo todo que os dados do Orkut só poderiam ser acessados a partir da Google Inc., e que, portanto, seria preciso oficiar à sede norte-americana da empresa pra se obter alguma informação.

Outro fato interessante é que no processo foi reconhecida a natureza de consumo na relação entre o usuário lesado e a Google – o que justifica a aplicação de dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, bem mais rígidos que o Código Civil brasileiro. A relação de consumo¹ foi identificada pois o Orkut possui anúncios, o que leva a ganhos indiretos por parte da empresa com a manutenção do cadastro do usuário (ainda não processei essa informação direito, mas, ao menos aparentemente, faz sentido).

Por isso tudo, estou achando que alegar que seria possível responsabilizar civil ou penalmente *apenas* quem pratica o ato pelas ofensas à honra praticadas contra terceiros ou por terceiros em comentários de blogs² é completamente insano. No mínimo, pelo Judiciário brasileiro, seria caso para responsabilidade do dono do blog (independente de quem praticasse o ato), ou então, por mais absurdo que possa parecer, a culpa recairia sobre a empresa que disponibiliza o serviço. Forçando a barra, daria para alegar uma espécie de co-responsablização entre a empresa e o dono do blog (ou entre o dono do blog e o terceiro que fez o comentário, dependendo do caso), seguindo o que diz a Lei de Imprensa (para isso, seria preciso ainda admitir que um blog é um veículo de imprensa!).

Entretanto, como o Direito se constrói basicamente por correntes de pensamento (há sempre os que defendem A, os que defendem B, e os que defendem um meio termo possível entre A e B), nada impede que se defenda tudo ao contrário do que diz atualmente a jurisprudência (tipo, vou me filiar à “corrente B da responsabilização em blogs” :P).

¹ Não sei se sei fazer essa distinção, mas… há relação de consumo quando um fornecedor de um produto ou serviço o faz profissionalmente, como quando uma empresa que vende bicicletas oferece o produto a um potencial comprador. Entretanto, não seria relação de consumo se um colecionador de bicicletas decidisse vender um de seus exemplares para outra pessoa. Nesse caso, tanto vendedor quanto comprador seriam sujeitos com iguais condições sócio-econômicas (tipo, não há um lado teoricamente mais forte e um lado teoricamente mais fraco).

² O que eu pretendo fazer em um trabalho para a faculdade (que provavelmente nunca vai ser lido, diga-se de passagem).

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Analfabetismo funcional em SAC

Pergunta enviada no dia 16/07 para o e-mail de SAC da Americanas:

Dúvida: Tempo de entrega

“Se eu comprar um notebook hoje pela internet, com pagamento pelo cartão, quanto tempo mais ou menos ele levará para chegar ao interior do Rio Grande do Sul? Consta na página que o produto em questão está disponível no estoque da loja”

Resposta recebida hoje, dois dias depois (tarde demais: o computador já foi comprado, via Dell).

RE: Dúvida: Tempo de entrega

“Prezado Cliente,
Agradecemos o seu contato e aproveitamos esta oportunidade para informar que para efetuar a compra em nosso site é necessário seguir os seguintes procedimentos:Localizar o produto que você deseja, incluir o produto na sacola de compras e clicar no botão COMPRAR – COLOCAR NA SACOLA. Faça seu cadastro (caso não tenha), escolha o endereço de entrega, a forma de pagamento e para finalizar confirme a compra. Para maiores informações acesse o link: [endereço]
Qualquer dúvida estaremos a sua disposição.
Ter você como cliente é uma enorme satisfação.
Para mais informações sobre o nosso site acesse o nosso link de auto-ajuda [mesmo endereo de antes].
Americanas.com agradece o contato.
Atenciosamente,
[Nome do indivíduo que respondeu (!?) à minha pergunta]”


A situação merece um printscreen.

Veja bem, a parte principal da minha pergunta era: “Quanto tempo?”. A resposta explica COMO comprar, e ainda por cima em um tom que praticamente admite que o interlocutor (no caso, eu) é um completo analfabeto digital (eu seria incapaz, por exemplo, de deduzir por conta própria que para comprar o produto tem que clicar no botão ‘COMPRAR‘)
E de que adianta eles colocarem à disposição para responderem as dúvidas, se são incapazes de responder o que é efetivamente perguntado? Pensei em ser feliz e mandar novamente a mesma pergunta – só como teste. Será que vão enviar a exata mesma resposta?
(Se bem que, forçando a barra, até dá para dizer que esse procedimento descrito no e-mail responde a minha pergunta, porque, ao finalizar a compra, o site informa o tempo estimado para a entrega)
Ainda bem que nunca comprei nada na Americanas.com.

A eficiência do SAC da Americanas só não ganha do Fale Conosco do Terra, que já fez algo relativamente pior.

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Princípio da ponderação entre espetáculos

Pelo princípio da ponderação entre espetáculos, com o acidente da TAM, o Pan provavelmente irá perder grande parte do espaço que vinha ocupando na mídia de massa. É assim que a lógica da mídia funciona: um espetáculo novo absorve o anterior. E a probabilidade de se sobrepor aos demais é diretamente proporcional ao número de vítimas.

Apesar da tragédia, minha veia investigativa já pensa em aproveitar o tempo livre decorrente das férias para analisar as notícias sobre o fato. Sádico demais? Há aspectos interessantes decorrentes da busca pelo tempo real, como esta manchete do Terra. Na tevê tem havido bem mais deslizes que no jornalismo online. Também dá para notar a força do jornalismo colaborativo – grande parte das fotos do Terra e do Estadão foram enviadas por leitores.

Update – acompanhe a evolução da cobertura online e colaborativa a partir do Intermezzo.

18/07 – Ainda sobre o acidente:
– Fiz um post parecido sobre o avião da Gol que caiu em setembro passado.
– E o André lenvantou algumas das pérolas da tragédia de ontem, citando, por exemplo, este post do Alex Primo sobre uma notícia do ClicRBS anunciando a morte de alguém que não morreu…

O acidente também permitiu um exemplo prático do “jornalismo wikipediniano” em ação. A página da Wikipédia sobre o acidente, atualizada por vários colaboradores anônimos simultaneamente, apresenta um relato completo da tragédia, e recebe novos dados em tempo real.

Outro post antigo relacionado, desta vez sobre espetáculo.

Update – 11/08 – já que o Terra resolveu ser feliz e mudar o título da notícia quase um mês depois do acidente, fica aqui o link para o post do Marmota com um printscreen da manchete errada.

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Medidas profiláticas

Em farmacologia, o uso profilático de um medicamento significa tomá-lo antes de desenvolver a doença, como uma medida para evitar que a doença se manifeste. No senso comum, o tempo todo adotamos medidas profiláticas para evitar que algo de ruim nos aconteça – que vão desde atos que impeçam doenças, como sair de casa agasalhado em dia frio para evitar uma gripe, a atos que evitem coisas mais abstratas, como evitar passar por debaixo de escadas ou quebrar espelhos para impedir, ahm, mau agouro.

Na web, Profilactic (sim, o nome é terrível) é uma página totalmente baseada na Web 2.0 cuja premissa é evitar que as pessoas tenham uma crise de identidade digital. A página tem um visual totalmente Web 2.0, com linguagem 2.0¹, e, para completar, desde o dia 13 de julho, está em uma versão 2.0.

Basicamente, a idéia é muito mais interessante na teoria do que na prática. Mas o Profilactic funciona assim: como em toda rede social, você se cadastra, cria um perfil, adiciona amigos e participa de comunidades preenche uma lista com as contas que você tem nos diferentes sites. A página tem suporte para vários sites, como Pownce, Twitter, Tumblr, Flickr e 43things. Para esses sites, basta colocar seu nome de usuário, e o próprio Profilactic se encarrega de importar os dados necessários. Mas, na prática, dá para incluir manualmente qualquer página que você tenha cadastro, o que permite que se acrescente blog, fotolog, e qualquer outra coisa na qual você algum dia tenha se cadastrado por mera curiosidade mesmo com o risco de nem se lembrar que o site existe alguns dias depois.

Depois de preencher esses dados, o site monta um mashup com toda essa informação, misturando fotos, textos, desenhos, metas, frases e tudo o mais que você tenha produzido na web em uma página única, que pode inclusive ser assinada e distribuída via feed para seus amigos. Também dá para fazer um mega feed que reúna toda a produção de todo mundo que você conhece (claro que isso só vale se as pessoas que você conhece também tenham conta no Profilactic). Basicamente, como toda ferramenta Web 2.0, só tem graça se mais gente também usar.

Na teoria, até que o site é interessante. Na prática, eles esqueceram que, ao se criar uma nova conta na web, está-se intensificando a crise de identidade, e não atenuando-a – tenho certeza de que daqui uns 10 dias, no máximo, eu já vou ter esquecido que o Profilactic existe. Assim como eu já tinha esquecido que possuía conta em muitos dos sites para os quais o Profilactic oferece suporte. Esse é o problema da Web 2.0: há muitas idéias bacanas proliferando por aí. Mas os desenvolvedores de produto esquecem que as pessoas não têm tanto tempo assim para administrar múltiplas contas, em múltiplos sites, para múltiplos objetivos diferentes.

¹ Linguagem Web 2.0

Linguagem feliz e pseudodivertida também seria uma tendência da Web 2.0? Essas são algumas das frases com as quais me deparei ao explorar o site pela primeira vez:
“Please log in below to finish the setup process. It gets much more fun after this. We promise.
“NOTE: Required fields are marked with an *. All other fields are optional… but you’re really pretty lazy if you don’t fill them out.
BTW, if you wanna see how it works, just click this link.”
A seção de FAQ do site também traz umas sacadinhas bem-humoradas, como nas respostas às questões “Why is this FAQ so out of date?”, “Why did you pick such a stupid name?”, e “How do I know that you won’t sell info about me to some evil corporation?”.

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Pensamento não-linear

Não sei o que há de errado comigo, mas, ultimamente, meus pensamentos todos têm saído de forma totalmente não-linear. É como se uma coisa fizesse lembrar outra coisa que tivesse a ver com outra coisa que se relacionasse com outra coisa que, por sua vez, despertasse em mim a lembrança de alguma outra coisa, que — legal! nunca tinha reparado o quanto essa florzinha ao lado do monitor é interessante. Bem verm- Um gato miou no telhado? Poxa, já é 14 de julho. Em seguida recomeçam as- não posso me esquecer de responder aquele e-mail! Quer saber? Vou fazer isso agora mesmo. Mas, espere aí, onde é que eu estava mesmo? Ah, sim, estou escrevendo um post para o — o que aquela caixa faz na estante dos livros?? Eu, hein, que coisa mais sem noção. Esse escritório está uma bagunça. E não é culpa minha, porque, tecnicamente, eu não mor- por que as pessoas nessa foto de 1994 estão vestidas com roupas esquisitas? Será minha percepção que é diferente agora? (as roupas não deveriam parecer esquisitas à época em que a foto foi– E se a porta do armário cair, será que bate na minha cabe- POR QUE RAIOS A IMPRESSORA ESTÁ LIGADA? Ah!, lembrei, tenho que terminar de baixar aquele dicionário para continuar a tra- Não, eu NÃO quero passar o antivírus agora. Computador com vontade própria, era só o que — opa. Já ia me esquecendo de revisar minha parte do rel- Já sei! Já sei!!! Tive uma idéia ótima para um post. Se bem que… eu já não estava escrevendo um? Sobre o que que era mesmo? (…)

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Infração virtual, julgamento real

E para não fugir totalmente da temática ‘oficial’ deste blog…

A empresa Eros, especializada em produtos para, ahm, diversão sexual, iniciou um processo contra Volkov Catteneo por violação de copyright. Até aí não há nada demais na história, exceto pelo fato de que a Eros cria produtos virtuais, e que Volkov Catteneo é, na verdade, um avatar de Second Life.

O processo, iniciado no começo deste mês, corre em uma vara cível da Flórida. Representantes da empresa de produtos adultos virtuais alegam que o avatar em questão teria encontrado uma forma de violar o impedimento de se fazer cópias dos produtos feitos pela Eros.

Embora a Linden Lab tenha uma mentalidade quadrada e mantenha o código do Second Life fechado (o futuro é open source), a propriedade intelectual é resguardada a tal ponto no Second Life que a cada um é assegurado todos os direitos sobre suas criações. São os criadores dos produtos que decidem se ele será copiável livremente, ou se terá acesso restrito. É possível, por exemplo, determinar a aquisição mediante pagamento em L$, mas com uma cláusula que impeça a reprodução do produto.

As cópias não autorizadas feitas por Catteneo estariam provocando uma diminuição nas vendas (e, conseqüentemente, uma perda nos lucros em dinheiro real) da empresa Eros. E é nesse ponto que a questão se torna relevante para se acionar o Judiciário: embora se trate de um mundo virtual, lida-se com dinheiro real.

Quanto ao réu, consta no processo apenas o nome do avatar, e uma presunção de que se trata de um cidadão americano. Não se tem maiores detalhes sobre Catteneo, e, por isso, os advogados da Eros solicitam que a Linden Lab ou o PayPal liberem dados do usuário.

E aí, o Second Life “é só um joguinho”?
(Talvez, para levar a sério a demanda, seja preciso abstrair o fato de que se trata de uma empresa que vende produtos sexuais em um ambiente virtual tentando processar um avatar, algo que soaria totalmente absurdo alguns anos atrás, mas que poderá se tornar rotina, à medida que novos e complexos ambientes virtuais surjam… O futuro digital é bizarro)

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Colocando a inteligência coletiva para funcionar

Nada como a Web 2.0 e o espírito de colaboração – e uma boa dose de inventividade.
O InviteShare funciona assim: você se cadastra, solicita convites para sites que só aceitam novos usuários mediante convite, alguém atende a sua solicitação e, em troca, você precisa também compartilhar seus convites. Nada mais justo. E eficiente (pelo menos do ponto de vista dos usuários; os desenvolvedores talvez não fiquem lá tão contentes).
Em termos práticos:
Solicitei um convite para o Pownce há umas 3 ou 4 semanas atrás a partir do formulário na capa do site oficial. E nada de resposta, até hoje.
Fiz agora há pouco um cadastro no InviteShare, solicitei um convite para o Pownce, e, em menos de 1 minuto, o convite já tinha chegado por e-mail. Agora tenho que compartilhar meus convites com outras pessoas que o solicitem através do InviteShare. Só isso. Melhor do que pagar fortunas no eBay, ou então esperar eternamente pelo convite oficial que nunca veio.
Claro que para receber outros convites a tarefa não vai ser tão fácil assim. A regra básica de funcionamento do InviteShare é: quanto mais convites você envia, melhor sua posição na lista de espera para receber o próximo convite (para outros sites, no caso – ninguém vai ser insano de pedir vários convites para testar o mesmo serviço).
A idéia de compartilhar convites deu tão certo que o site existe há apenas 5 dias e já tem mais de 6 mil usuários.

Via Read/WriteWeb.

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Lista de feeds em OPML

Fiz algumas modificações básicas no blogroll (tirei links, incluí links, voltei para o ‘modo manual’) e já aproveitei e acrescentei um pedaço da minha lista de feeds em um arquivo OPML. Ainda falta incluir e categorizar vááários blogs, mas já é um começo. Para alguém que até três dias atrás não tinha nem idéia do que era OPML, até que isso foi um grande avanço.
(Para entender o que é OPML e como disponibilizar sua lista de feeds em um blog, leia este post do Donizetti)

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O Complô

Hoje, ao assistir ao filme “Teoria da Conspiração“, não pude deixar de me lembrar d’O Complô.
Mas e o que é, afinal, O Complô?
Todo mundo sabe o que é O Complô, mas ninguém admite que sabe. O Complô é algo que está em todos os lugares, ao mesmo tempo em que não está em lugar algum. Sempre que algo dá errado, é culpa d’O Complô. Sempre que algo dá certo, também é culpa d’O Complô – porque tudo, absolutamente tudo o que acontece, só acontece porque houve intervenção d’O Complô.
A única maneira de escapar d’O Complô é estar alerta o tempo inteiro para escapar de suas artimanhas. Mas todo mundo sabe (O Complô adora generalizações) que é impossível manter a consciência o tempo todo. Daí então é só baixar a guarda minimamente e O Complô age.
Quando você vai mal na escola, mesmo tendo estudado muito, é culpa d’O Complô. Quando seu chefe pega no seu pé sem motivo (aparente – porque, para O Complô, tudo tem um motivo, embora nem sempre esse motivo seja óbvio), é culpa d’O Complô. Quando você finalmente consegue convencer alguém a sair no final de semana, também é culpa d’O Complô. Basicamente, tudo o que acontece de inusual ou diferente em nossas vidas é culpa d’O Complô. As coisas rotineiras também são obra d’O Complô, mas elas não são percebidas tão facilmente, justamente por já fazerem parte de nossa rotina.
O Complô é também conhecido por outros nomes, inclusive com desdobramentos, como nas Leis de Murphy, ou na expressão clássica de mea culpa, geralmente proferida após ter acontecido algo que seja ou não obra d’O Complô: “isso só podia acontecer comigo”.

Em tempo: será O Complô o elemento impeditivo para que se construa uma máquina do tempo? (mas, do mesmo modo, se eu tiver consciência de que ele é o motivo, então, automaticamente, ele deixa de ser o motivo?)

Não adianta. Não tem como fazer posts sérios durante as férias 😛

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Post-comentário

A Tina, do Universo Anárquico, fez um post sobre o aniversário dela. Empolguei-me com o assunto e fiz um comentário gigantesco sobre a passagem do tempo. Praticamente um post dentro do comentário. Para não perder o “fio da meada”, resolvi reproduzir minhas palavras aqui, transformando o comentário em um post de verdade.

Então, falemos sobre aniversário…
É importante comemorar a data e tudo o mais, pois assinala a passagem do tempo. Mas, mesmo assim, acho um pouco estranho o fato de que a gente admite a falsa-linearidade do tempo a tal ponto que, de um dia para o outro, da noite para o dia, passamos a ter outra idade. É como se o tempo passasse de repente, como se a nossa idade mudasse do nada, quando, na verdade, estamos ‘crescendo’, ‘envelhecendo’ a cada dia.
Temos uma idade em número absoluto, dedicamos um certo tempo para nos acostumarmos à idéia de que essa é a nossa idade, internalizamos o número a tal ponto que conseguimos responder com prontidão e quase sem pensar à pergunta “Qual a sua idade?” em um formulário qualquer proveniente da burocracia do mundo. Daí, sem mais nem menos, chega um determinado dia do ano a partir do qual todo o esforço em decorar a nossa idade simplesmente é perdido. Passamos a ter uma nova idade e a ter de decorar um novo número.
O aniversário assinala a data dessa mudança de idade. Mas talvez a mudança não fosse assim tão sem sentido se já tivéssemos a cultura de contar a idade não por dezenas exatas, mas com números quebrados. Algo como ter 31,5 anos, ou 57,8. Ou se, ao invés de medir o tempo por anos, contássemos a nossa idade por conhecimeto adquirido, ou por vivências e experiências. Ou talvez a idade pudesse ser medida por estado de espírito. Ou até mesmo a partir de uma média ponderada entre a idade física e a idade do espírito (com peso maior para a idade que sentimos ter; não importa muito o tempo vivido – este só serve de baliza para termos a noção de há quanto tempo estamos vivos).

Update 12/07 – a Tina também transformou o comentário em post.

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