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Pena de morte

Saddam Hussein está morto. Enforcado. Em geral, as manifestações ao redor do mundo propaladas pela mídia se dividem entre aqueles que apóiam a morte por enforcamento (e, por isso, vibram por saber que o ex-ditador está morto) e os que atacam a questão pelo viés da crueldade da pena de morte. Se eu tivesse que tomar parte em um dos lados (e se realmente se tratasse de uma questão meramente bipolar – nesse ponto a mídia tem uma grande tendência simplificadora do mundo, muitas vezes ignorando a complexidade e multiplicidade da vida), eu iria para o lado da crueldade da pena de morte.
Para mim, a pena de morte é ao mesmo tempo a mais cruel e a mais branda das formas de punição a um criminoso. Cruel porque tira a vida daquele que antes se dedicava a cometer atrocidades (e, nesse sentido, deixar de viver me parece a pior das punições possíveis). Mas branda porque a pessoa simplesmente deixará de existir, ao invés de sofrer/pagar pelo que fez. É também uma solução simples, pois na maioria das vezes não requer muito espaço, tempo ou dinheiro para que a pena seja executada. Economia, pura e simples.
Mas será que tirar a vida de uma pessoa é a solução? Com a morte, tem-se um exemplo para a sociedade (“quem faz aquilo que o morto fez poderá morrer também”), mas não se tem o caráter ressocializador da pena. Há a prevenção (os que estavam pensando em cometer um crime similar poderão pensar duas vezes antes de agir) e retribuição (ao assassino, a morte), mas não há sequer uma tentativa de recuperar o transgressor. Mas tudo bem: nesse caso ainda se pode argumentar que o transgressor simplesmente não tinha recuperação.
Outra saída para o cometimento de crimes cruéis é a prisão perpétua. Não deve ser nada animador não ter a perspectiva de sair da cadeia algum dia. O preso fica lá, preso a seus pensamentos, enclausurado física e psicologicamente em um ambiente funesto, sem chances de sair. Mas também esta solução peca pela falta de socialização. Não se tenta recuperar o delinqüente. Pelo contrário, deixam-no definhar ao acaso, sem um atendimento adequado.
Manter o delinqüente preso por um determinado período de tempo também não tem dado certo. As cadeias, ao menos na realidade brasileira, nada mais são do que verdadeiras escolas do crime. O ambiente não é propício à ressocialização, e o que se tem é um aumento nas taxas de reincidência provocado pelo convívio entre criminosos de diferentes níveis de periculosidade (ao invés de se diminuir as taxas de criminalidade).
O problema dos programas de repreensão da criminalidade é que eles partem do pressuposto de que o criminoso age para ser pego, quando, na verdade, o verdadeiro criminoso (aquele que é inescrupuloso, o que mata por matar) age contando com o fato de que nunca será pego (e, por isso, tanto faz se a pena para o crime que vier a cometer seja prisão simples, prisão perpétua ou pena de morte: ele simplesmente não quer ser pego, e fará de tudo para evitar a punição).
Estamos presos num círculo sem fim de violência e destruição? A humanidade irá acabar assim que o número de criminosos (que vem aumentando a cada ano) for superior ao número de cidadãos de bem?
Mas, e o que fazer então? Às vezes me pergunto se lavagem cerebral (manipulação de pensamento, algo como o que acontece no Admirável Mundo Novo) não seria justificável em alguns casos… Entretanto, outras alternativas mais simples poderiam ser buscadas. Talvez simplesmente não haja uma solução pela via da punição. Não seria melhor tentar cortar o mau pela raiz, dando oportunidades iguais para todos desde cedo? Será que haveria tantos crimes se todos tivessem acesso à escola, se todos tivessem um emprego decente?
Mas, voltando ao caso do ditador inescrupuloso que provocou a morte de milhares de civis inocentes… O que ele ganhou com a morte? A imortalização? Talvez o melhor nesse caso fosse ser a prisão perpétua – com boas doses de tortura psicológica.
(e sim, eu sei que as pessoas não costumam ler os posts extremamente longos deste blog :P)

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A eterna espera

Parece que vivemos em um eterno modo de espera. Durante algum tempo, esperamos de forma veemente que uma determinada coisa aconteça. Deixamos de viver as outras coisas, porque esperamos o desenlace de algo em específico. Entretanto, assim que a coisa que esperávamos enfim acontece, ao invés de passarmos a viver e aproveitar o resto, passamos a esperar por alguma outra coisa.

E assim nossa vida se resume a um eterno esperar. Esperamos a formatura, o atendimento no dentista, o acúmulo de dinheiro suficiente para comprar o próprio carro, o crescimento do primeiro filho, o especial de fim de ano na televisão, o reconhecimento de nosso trabalho, a hora exata em que o show vai começar. Em todo momento temos sempre uma meta principal na vida (por mais frívola que seja) e é essa meta que nos impede de viver o resto. Essa meta é tão forte que tem o poder de obscurecer o resto, de fazer com que as outras atividades do dia-a-dia percam seu colorido e se transformem em meros instrumentos para se atingir o objetivo principal. Os demais fatos da vida perdem a sua verdadeira importância.

Por mais doloroso que seja, é preciso aprender a viver cada dia de cada vez. Sim, devemos ter esperança. Mas não colocar a espera por uma determinada coisa como nosso objetivo principal de vida. Nosso objetivo principal de vida deveria ser viver. O que resta são meros acontecimentos. Reconhecer isso envolve uma mudança de perspectiva muito forte. É difícil perceber que a vida acontece entre uma meta e outra, entre um plano e outro, entre uma comemoração e outra. Não é só de momentos especiais que se faz a vida. Ela também acontece nos interstícios entre os momentos de ápice de felicidade. De fato, os momentos de felicidade poderiam se multiplicar se passássemos a encarar cada momento como um momento único, cada dia como um dia especial.

Que 2007 seja um ano especial, cheio de esperas e objetivos a serem alcançados, mas, ao mesmo tempo, repleto de dias em que se possa viver plenamente.

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Discurso das Mídias

O livro “Discurso das Mídias” de Patrick Charaudeau (Contexto, 2006) aborda as mídias sob a perspectiva do discurso que delas emana. O assunto é tratado a partir da perspectiva das estratégias de produção de significado do discurso midiático, como uma forma de chamar a atenção para o fato de que aquilo que é veiculado pela mídia não é uma verdade absoluta, mas se trata, de fato, de uma encenação midiática. O real mostrado pela mídia seria na verdade um real construído, uma realidade que pode bem ser verdade (no sentido de que realmente aconteceu), mas que, pelo fato de poder ser abordado de inúmeras formas diferentes, no momento que se escolhe uma dessas formas, escolhe-se também uma estratégia de significação.
As “mídias” tratadas pelo autor referem-se aos dispositivos tradicionais de transmissão de informação: o rádio, a televisão, e a imprensa escrita. Em vários momentos é preciso fazer distinção entre essas três formas de produção de sentido, pois há diferenças marcantes entre os dispositivos em questão. No rádio há o predomínio da oralidade, o que permite um maior nível de abstração e requer estratégias específicas para se captar a atenção do ouvinte pelo som. Já na televisão, imagem e som podem ser utilizados concomitantemente para a construção do sentido, o que gera um novo problema: como evitar a redundância entre imagem e som? A imprensa escrita, por seu turno, permite que se façam análises mais profundas, pois esse meio permite que o leitor possa voltar atrás para esclarecer algum ponto que não tenha ficado claro no primeiro contato (algo impossível de se fazer, ao menos numa transmissão normal, no rádio ou na televisão).
O livro é dividido em seis capítulos. Na introdução são identificados os pontos norteadores da obra, com a apresentação sucinta do assunto a ser detalhado em cada capítulo.
A seguir, o segundo capítulo procura definir o que é informação (“A informação é, numa definição empírica mínima, a transmissão de um saber, com a ajuda de uma determinada linguagem, por alguém que o possui a alguém que se presume não possui-lo”, 2006, p. 33), e para isso também trata de esclarecer alguns conceitos como discurso, construção de sentido, e tipos de saberes.
O capítulo seguinte aborda a informação na mídia, a partir da noção de contrato de informação midiático. Esse contrato nada mais é do que a relação que se estabelece entre aquele que detém o saber (a mídia) e aquele que se supõe não detê-lo (o público). O contrato de informação midiático possuiria, assim, uma dupla finalidade: informação e captação. Através dele, não só se deve procurar informar as pessoas, como também requer que sejam adotadas estratégias discursivas para prender a atenção do espectador (captação).
As estratégias da enunciação midiática são apresentadas no quarto capítulo da obra. O trecho aborda as maneiras como a mídia produz o sentido, ressaltando o fato de que sempre se procede a uma seleção dos acontecimentos, e que a notícia seria na verdade um recorte da realidade, carregado de intencionalidades. Também é ressaltado o fato de que não existe um único “culpado” pela notícia, pois ela é produzida numa cadeia produtiva que envolve vários personagens, que vai desde o repórter que parte em busca da informação, ao editor final, passando pela diagramação e pela redação da reportagem.
O capítulo seguinte procura abordar os gêneros do discurso de informação, sob a perspectiva de gêneros e tipologias. O autor prefere adotar uma classificação a partir de três critérios, divididos em um eixo horizontal e um eixo vertical. No eixo horizontal situam-se os três tipos de acontecimentos que, segundo o autor, podem ser relatados na mídia: os acontecimentos comentados (como o editorial), os acontecimentos provocados (como os debates) e os acontecimentos relatados (como a reportagem). O eixo vertical é dividido conforme dois critérios: a posição do sujeito enunciador (se externo ou interno à instituição informativa) e o seu grau de engajamento com o que afirma (o que se traduz numa maior ou menor subjetividade do discurso produzido). O editorial, por exemplo, estaria situado numa posição de acontecimento comentado produzido pela própria mídia e com alto grau de engajamento. Já o debate seria um acontecimento provocado, com grau de engajamento médio e situado na zona de produto externo às mídias.
Por fim, o último capítulo faz um balanço crítico da teoria apresentada e das mídias em geral, partindo da análise da cobertura realizada pelas mídias no 11 de setembro de 2001. Para o autor, a ação manipuladora das mídias seria decorrente do fato de pressões externas e internas. As pressões internas levam o autor a concluir que a própria mídia por vezes acaba se automanipulando. Um desses casos de automanipulação ocorre, por exemplo, quando a mídia observa a concorrência (e procura apresentar os mesmos assuntos que os demais jornais, quando na verdade deveriam estar preocupados em mostrar um conteúdo diversificado).
A solução proposta pelo autor é a de que seria responsabilidade do cidadão lutar para que as mídias melhorem. A sociedade organizada teria um poder excepcional para batalhar por alternativas à padronização dos conteúdos e à homogeneização das formas de produção de sentido. Por fim, Charaudeau conclui que as mídias não constituem um poder em si. Entretanto, elas participam do jogo do poder, “mas somente na condição de lugar de saber e mediação social indispensável à constituição de uma consciência cidadã, o que não é pouco” (2006, p. 277).
Por tudo isso, trata-se de um livro indispensável para analistas do discurso que pretendem estudar/ter como objeto de estudo textos midiáticos (para que o façam com conhecimento de causa e com visão crítica), mas cuja leitura também se faz necessária por profissionais da comunicação, para que percebam o quanto poderão estar contribuindo para a manutenção do status quo midiático caso falhem em perceber o quanto o discurso que produzem através das mídias poderá influenciar as pessoas.

Referência:
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo: Contexto, 2006.

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Prometendo o impossível

Ao acessar aleatoriamente um artigo do Le Monde Diplomatique Brasil, deparei-me com a matéria “A fábrica de desejos” de Ignacio Ramonet, datada de maio de 2001, criticando (detonando) a publicidade. Para ele, a publicidade seria reducionista, no sentido de que oferece uma versão condensada do mundo – ao recorrer sempre aos mesmos estereótipos para significar a vida, para nos impor desejos. O que a publicidade faz é uma promessa a qual é muitas vezes incapaz de cumprir:

“A publicidade promete sempre a mesma coisa: o bem-estar, o conforto, a eficiência, a felicidade e o sucesso. Ela reflete uma cintilante promessa de satisfação. Vende sonhos, propõe atalhos simbólicos para uma rápida ascensão social. Fabrica desejos e exibe um mundo em férias perpétuas, tranqüilo, sorridente e despreocupado, povoado por personagens felizes que possuem, enfim, o milagroso produto que os fará belos, impolutos, livres, sãos, desejados, modernos…”

E nós, os idiotas consumistas, acreditamos (ou melhor, fingimos acreditar) que aquele mundo maravilhoso proposto pela publicidade é, na verdade, um mundo possível 😛

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Localização do Papai Noel

Atenção, crianças impacientes! O site da defesa aérea norte-americana (não tenho certeza da tradução da sigla) traz uma página especial que mostra em tempo real a provável localização do Papai Noel ao redor do mundo (conforme questões de fuso horário e detalhes do tipo). As imagens são produzidas pelo Microsoft Virtual Earth. (O Google Earth também tem sua versão de localizador de Papai Noel). A essa altura o Papai Noel já visitou todos os lugares do mundo, mas ainda é possível assistir a vídeos de algumas dessas visitas.

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Milagre de Natal

Chuva em Bagé! Está chovendo desde cedo. Se continuar assim por mais algumas horas, pode ser que eles reduzam o racionamento de água atual de 18 horas por dia 😀

Em tempo: por que sempre chove em feriados? (mesmo nos feriados em segunda-feira!)

>– Update: parou de chover lá pelas 14h30, e pouco depois das 15h já tinha até sol… :T

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Natal

Feliz Natal a todos!

Uma piadinha básica, para entrar no clima:

João era um menino pobre que mandou uma carta para Papai Noel. Assim que a carta chegou ao correio, os funcionários, sem terem para quem mandar a carta, resolveram abri-la. Nela, João dizia que não queria presentes e sim R$ 200,00 para comprar remédios para sua mãezinha que estava muito doente. Disse também que era pobre, porém trabalhador, e que tinha sido um bom menino durante o ano.
O pessoal do correio, sensibilizado com tamanha pureza, fez uma vaquinha e, cata daqui, pede de lá, angariou R$ 100,00, que foram enviados a João em nome de Papai Noel. Passado algum tempo, eis que chega uma outra carta de João para Papai Noel. A carta dizia: “Caro Papai Noel, muito obrigado pelo dinheiro que o senhor me mandou. Minha mãe já está melhor e manda agradecer. Gostaria apenas de lhe pedir um favor: da próxima vez que o senhor mandar dinheiro para mim, entregue diretamente no meu endereço, pois aqueles filhos da mãe do correio passaram a mão em metade da minha grana!”
(mais aqui)

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Livro

Meu livro chegou hoje. No site dizia que os pedidos feitos até 7/12 teriam entrega garantida antes do Natal, mas eu achava que o prazo só valesse para entregas nos Estados Unidos, na Inglaterra, ou algo parecido. Aproveito a oportunidade para falar sobre o serviço da Lulu.com. Pelo que entendi, a editora tem sede na Inglaterra, mas possui escritórios e gráficas também nos EUA e na Espanha. O meu livro, por exemplo, veio da Espanha. A Lulu.com é uma editora on demmand que é realmente on demmand. A idéia é a de que qualquer um pode publicar seu livro, e em qualquer quantidade. Para se ter uma idéia, é possível desde publicar um livro só para si (enviar para a editora, mas sem tornar a obra pública no site) e imprimir uma única cópia, até, no outro extremo, publicar um livro no site para qualquer um comprar, e nem sequer adquirir uma cópia para si mesmo. A editora adota totalmente o conceito de imprimir por demanda, ou seja, vai imprimindo novas cópias do livro à medida que o autor, ou algum interessado, vai solicitando. Para que os preços não fiquem excessivamente altos, é o próprio autor quem deverá editar, revisar e formatar o livro para publicação. Também dá para contratar esses serviços através do site, mediante pagamento, mas provavelmente não valha a pena. A tarefa não é tão difícil assim, e o site ainda traz vários manuais explicando como fazer para deixar o livro dentro das especificações técnicas ideais para impressão. Depois de enviar o livro formatado, a editora dá um prazo de cinco dias para imprimir as cópias solicitadas, e depois faz o envio para qualquer lugar do mundo. A taxa cobrada é um valor suficiente para cobrir os gastos com impressão. Mas a pessoa pode escolher se quer cobrar algum valor a mais de terceiros para lucrar com a obra. Nesse caso, a empresa se reserva no direito de ficar com uma parte dos lucros. Mas o bom é que o autor também lucra. As demais taxas, de registro da obra e obtenção de ISBN, por exemplo, correm por conta do autor. A divulgação do produto também deve ser feita pelo autor, mas o site traz dicas e modelos de folderes e releases para quem quer promover o produto por conta própria. A editora, basicamente, só imprime, e coloca à venda no site. E é aí que reside o sucesso da empresa, pois permite que qualquer um publique seu próprio livro pela Internet e com um preço bastante acessível.
A minha cópia foi gratuita. Todos os vencedores do NaNoWriMo deste ano tinham direito a uma cópia gratuita da obra via Lulu.com (desde que formatassem por conta própria). Não tive muita paciência para formatar, e o resultado foi um livro meio esquisito. Quer dizer, o livro realmente tem cara de livro (tem capa, contracapa, e até textinho na lateral!), mas as páginas internas ficaram meio esquisitonas. Acho que botei texto demais em cada página (faltou um pouco mais de margem, talvez) e a partir da parte 2 não consegui mais eliminar a numeração das páginas em branco (o resultado são várias páginas deixadas propositadamente em branco, mas que na verdade não estão totalmente em branco, porque se encontram numeradas).
Enfim, além de ser a única cópia impressa do livro disponível em todo o universo, tem cara de livro, e, por mais que não tenha conteúdo, vai ficar muito legal na minha estante junto com os livros de verdade 😀
Para quem tiver curiosidade, dá para espiar a versão em pdf da obra gratuitamente no site da empresa.

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O segredo da felicidade

É permitido reciclar idéias antigas? 😛 Hoje resolvi circular pela pasta do PC que contém os arquivos que eram do outro computador (ou seja, de um período anterior a 2003) e encontrei este texto, dos tempos que eu usava as horas que antecediam o momento de conectar à Internet para inventar historinhas felizes e/ou idiotas, para depois lê-las e me divertir com elas. Há várias outras histórias mirabolantes nessas pastas antigas. Atualmente, com Internet a cabo e possibilidade de conexão a todo momento, acho que perdi um pouco do meu lado criativo/inventivo… :/

O texto:


O Segredo da Felicidade

Um dia, cansado da correria do dia-a-dia, você decide ir em busca do segredo da felicidade.
Depois de escalar a mais alta e fria montanha do mundo, exausto e ao mesmo tempo curioso, você pergunta ao mestre lá no cume:
— Mestre, qual é o segredo da felicidade?
— Uma cama bem quentinha.
— Como é que é?
— Depois de passar uma eternidade aqui em cima, você queria que eu respondesse o quê?
Perplexo, e ao mesmo tempo desapontado, você não desiste. Persiste em sua eterna procura por um momento de paz. Decide variar um pouco. Escalar um vulcão. Sim, porque, sendo alto, provavelmente terá um sábio lá no topo.
Horas mais tarde, um calor infernal, você se vê novamente cara a cara com o grande mestre. Repleto de gotículas de suor, insiste:
— Mestre, qual é o segredo da felicidade?
— Um enorme e potente ventilador.
— Eu mereço!
Mas você não desanima. Escala prédios, pontes, torres, montes, e não desiste. Nem mesmo recebendo respostas as mais absurdas dos velhos sábios das montanhas.
Depois de muito procurar, perto do entardecer, você simplesmente se declara vencido. Chega mais cedo do trabalho em casa. Escala os dois degraus que separam sua casa do desnível da rua: sua montanha. Entra sem fazer barulho, pois não quer atrapalhar o ritmo normal da casa. Vê seu filho comemorando uma vitória no videogame. Encontra sua mulher emocionada com o final de uma novela. E descobre que o segredo da felicidade é simplesmente parar de procurar por ela.

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Baú de memórias

Tomei coragem e mexi no baú de memórias. Eis um trecho que encontrei em um dos cadernos que ali estavam:

“Hoje terminaram minhas férias – a volta às aulas é sempre divertida! O detalhe é que não sei se vou conseguir me acostumar à rotina de aula de manhã, educação física à tarde, e cursinho de noite, como hoje, por exemplo! Por que passar no vestibular é tão difícil? :/ E o pior é que preciso decidir que curso fazer antes das inscrições (sic). E as inscrições para o vestibular da UFRGS começam logo em seguida, provavelmente ainda este mês!”

Eu, há 3 anos e meio atrás, em um tempo em que ainda nem sonhava em fazer duas faculdades. Algumas páginas adiante, no mesmo caderno, está a lista de prós e contras que fiz para me ajudar a escolher qual curso fazer de faculdade. Constam na lista cursos como Administração, Letras, Tradução, Análise de Sistemas, Publicidade, Meteorologia (!), Astronomia (!!), Biblioteconomia, Jornalismo, Ciências Atuariais, Economia, Direito, Estatística e Engenharia da Produção (absurdo ou não, esta acabou sendo minha 2ª opção no vestibular da Ufrgs). Pela lista, o grande vencedor (em termos de proporção entre prós e contras) foi o curso de Letras. Jornalismo ficou em segundo. O Direito estava quase em último, logo atrás de Meteorologia, pois os dois tinham o mesmo número de prós e contras (mas, proporcionalmente, o Direito tinha mais prós e contras que o outro curso). Ou seja, ainda não consigo entender como fui cair de pára-quedas no curso de Direito… 😛 Se eu tivesse seguido a lista à risca, no máximo estaria cursando Letras e Jornalismo, o que não seria nada mal… 🙂 Vá entender o que se passava na minha mente de três anos atrás…

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