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The 5k

No ano de 2000, um concurso de sites na web inovou a forma de se pensar em webdesign. Para ganhar, ao invés de usar complexos códigos em html, ou explorar ao máximo os incipientes recursos de java e flash da época, o the 5k convidava seus concorrentes a pensar em algo bem mais simples. A regra era fazer um site que tivesse, no máximo, 5kb – o equivalente a 5120 bytes. Para competir, era preciso usar o máximo de criatividade para condensar uma idéia original em tamanho tão ínfimo. De nada adiantava fazer um site bonito esteticamente, mas que não tivesse utilidade prática nenhuma (de fato, a competição contemplava categorias como “funcionalidade”, “aparência”, entre outras, para compensar o trabalho daqueles que se dedicavam a apenas um aspecto em suas produções minimalistas). O vencedor, escolhido por um júri de especialistas no assunto, era o indivíduo que conseguisse fazer a página que melhor conseguisse resumir todos esses requisitos em 5kb de conteúdo. Havia prêmios em separado para aqueles que fizessem a página inteira usando apenas html e os que também se utilizassem de outros recursos.

Histórico do 5k

A partir de uma breve consulta à WayBack Machine do Internet Archive, encontrei as informações relativas ao concursos dos anos 2000, 2001 e 2002. Em todos eles é possível acessar a lista e o resumo dos participantes e vencedores, mas, infelizmente, não é possível acessar a página de nenhum dos competidores. Ainda de acordo com o Internet Archive, a partir de 2003 passou a aparecer na página principal do site do 5k uma nota avisando que os criadores do site não teriam mais tempo para atualizá-lo. Em 2004, a competição teria migrado para este endereço. Em 2005, o site saiu do ar. E, desde 2006, ele tem esse mesmo visual que possui hoje.

Exemplos de sites em 5k

2000

No ano de 2000, a página do concurso estava localizada em outro endereço (diferente do the5k.org). Por isso, ainda é possível acessar uma lista de alguns dos sites participantes.
O site vencedor foi uma loja virtual completa em 5kb.

Alguns sites interessantes:
Tetris
Jogo Guerra (baralho)
Poema “The great figure”, de William Carlos Williams
Galeria de arte
Faça seu próprio quadro de Mondrian
Paródia da famosa obra de Magritte
Teste vocacional

2002

Três dos sites participantes:
Jogo de xadrez
Pixel Ninja
Jogo de ação em primeira pessoa

Em 2001 ou 2002 (não sei o ano ao certo) cheguei a fazer um site para concorrer no 5k. Era uma galeria de fotos de Gilmore Girls em 5kb. A página não está mais no ar, mas as imagens utilizadas são as que constam no menu à direita desta página – os desenhos foram feitos no Paint.

Outros sites realmente muito pequenos

A idéia de fazer sites de tamanho reduzido não é só do 5k. Há outras páginas que seguem essa tendência.

Dentro de uma perspectiva minimalista ao extremo, há o Guimp, que se auto-intitula o menor site do mundo. O conteúdo inteiro é exibido em um quadradinho de 18×18 pixels. Há até mesmo um blog inteiro dentro dele.

Há ainda o TinyApps, um site que reúne softwares realmente muito pequenos, como programas de e-mail, navegadores, comunicadores instantâneos, editores html, editores gráficos, entre outros. Como exemplo, há o TinyPiano, ou um piano na tela do seu computador por apenas 24kb 🙂

Para ir além

Mais informações sobre o 5k podem ser encontradas aqui, aqui e aqui.

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Medidas profiláticas

Em farmacologia, o uso profilático de um medicamento significa tomá-lo antes de desenvolver a doença, como uma medida para evitar que a doença se manifeste. No senso comum, o tempo todo adotamos medidas profiláticas para evitar que algo de ruim nos aconteça – que vão desde atos que impeçam doenças, como sair de casa agasalhado em dia frio para evitar uma gripe, a atos que evitem coisas mais abstratas, como evitar passar por debaixo de escadas ou quebrar espelhos para impedir, ahm, mau agouro.

Na web, Profilactic (sim, o nome é terrível) é uma página totalmente baseada na Web 2.0 cuja premissa é evitar que as pessoas tenham uma crise de identidade digital. A página tem um visual totalmente Web 2.0, com linguagem 2.0¹, e, para completar, desde o dia 13 de julho, está em uma versão 2.0.

Basicamente, a idéia é muito mais interessante na teoria do que na prática. Mas o Profilactic funciona assim: como em toda rede social, você se cadastra, cria um perfil, adiciona amigos e participa de comunidades preenche uma lista com as contas que você tem nos diferentes sites. A página tem suporte para vários sites, como Pownce, Twitter, Tumblr, Flickr e 43things. Para esses sites, basta colocar seu nome de usuário, e o próprio Profilactic se encarrega de importar os dados necessários. Mas, na prática, dá para incluir manualmente qualquer página que você tenha cadastro, o que permite que se acrescente blog, fotolog, e qualquer outra coisa na qual você algum dia tenha se cadastrado por mera curiosidade mesmo com o risco de nem se lembrar que o site existe alguns dias depois.

Depois de preencher esses dados, o site monta um mashup com toda essa informação, misturando fotos, textos, desenhos, metas, frases e tudo o mais que você tenha produzido na web em uma página única, que pode inclusive ser assinada e distribuída via feed para seus amigos. Também dá para fazer um mega feed que reúna toda a produção de todo mundo que você conhece (claro que isso só vale se as pessoas que você conhece também tenham conta no Profilactic). Basicamente, como toda ferramenta Web 2.0, só tem graça se mais gente também usar.

Na teoria, até que o site é interessante. Na prática, eles esqueceram que, ao se criar uma nova conta na web, está-se intensificando a crise de identidade, e não atenuando-a – tenho certeza de que daqui uns 10 dias, no máximo, eu já vou ter esquecido que o Profilactic existe. Assim como eu já tinha esquecido que possuía conta em muitos dos sites para os quais o Profilactic oferece suporte. Esse é o problema da Web 2.0: há muitas idéias bacanas proliferando por aí. Mas os desenvolvedores de produto esquecem que as pessoas não têm tanto tempo assim para administrar múltiplas contas, em múltiplos sites, para múltiplos objetivos diferentes.

¹ Linguagem Web 2.0

Linguagem feliz e pseudodivertida também seria uma tendência da Web 2.0? Essas são algumas das frases com as quais me deparei ao explorar o site pela primeira vez:
“Please log in below to finish the setup process. It gets much more fun after this. We promise.
“NOTE: Required fields are marked with an *. All other fields are optional… but you’re really pretty lazy if you don’t fill them out.
BTW, if you wanna see how it works, just click this link.”
A seção de FAQ do site também traz umas sacadinhas bem-humoradas, como nas respostas às questões “Why is this FAQ so out of date?”, “Why did you pick such a stupid name?”, e “How do I know that you won’t sell info about me to some evil corporation?”.

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Colocando a inteligência coletiva para funcionar

Nada como a Web 2.0 e o espírito de colaboração – e uma boa dose de inventividade.
O InviteShare funciona assim: você se cadastra, solicita convites para sites que só aceitam novos usuários mediante convite, alguém atende a sua solicitação e, em troca, você precisa também compartilhar seus convites. Nada mais justo. E eficiente (pelo menos do ponto de vista dos usuários; os desenvolvedores talvez não fiquem lá tão contentes).
Em termos práticos:
Solicitei um convite para o Pownce há umas 3 ou 4 semanas atrás a partir do formulário na capa do site oficial. E nada de resposta, até hoje.
Fiz agora há pouco um cadastro no InviteShare, solicitei um convite para o Pownce, e, em menos de 1 minuto, o convite já tinha chegado por e-mail. Agora tenho que compartilhar meus convites com outras pessoas que o solicitem através do InviteShare. Só isso. Melhor do que pagar fortunas no eBay, ou então esperar eternamente pelo convite oficial que nunca veio.
Claro que para receber outros convites a tarefa não vai ser tão fácil assim. A regra básica de funcionamento do InviteShare é: quanto mais convites você envia, melhor sua posição na lista de espera para receber o próximo convite (para outros sites, no caso – ninguém vai ser insano de pedir vários convites para testar o mesmo serviço).
A idéia de compartilhar convites deu tão certo que o site existe há apenas 5 dias e já tem mais de 6 mil usuários.

Via Read/WriteWeb.

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Muito entusiasmo, pouco uso

Este texto publicado por Clay Shirky no blog Many2Many em dezembro de 2006 (e republicado em português na revista Trópico em maio) sugere que os números de acesso ao Second Life esconderiam um dado fundamental: a taxa de desistência de uso do software é muito grande. Pelo que Shirky diz, as pessoas entrariam no Second Life movidas pela curiosidade, apenas para ver como funciona. Entretanto, a maioria não retorna. Assim, mesmo que realmente tenha havido 1 milhão de acessos nos últimos 60 dias, isso significaria muito pouco em termos práticos, na medida em que mais de 70% desses usuários jamais voltarão ao Second Life.

There’s nothing wrong with a service that appeals to tens of thousands of people, but in a billion-person internet, that population is also a rounding error. If most of the people who try Second Life bail (and they do), we should adopt a considerably more skeptical attitude about proclamations that the oft-delayed Virtual Worlds revolution has now arrived.

No post, Shirky ainda discorre acerca do fato de que o Second Life não seria de fato um ambiente virtual totalmente inovador, na medida em que busca inspiração em outras comunidades virtuais preexistentes. Enfim, vale a pena ler o texto completo.

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Contador de tempo online no Firefox

Stumbleando por aí, encontrei uma extensãozinha de Firefox interessante. O TimeTracker instala um reloginho na barra de status que conta o tempo que a pessoa permanece com a janela do navegador aberta e ativa. Mudar do Firefox para outro aplicativo do computador suspende momentaneamente a contagem do tempo, que é retomada quando se retorna para a janela do navegador. O resultado que se obtém é uma contagem das horas diárias que se passa navegando. Chega a ser assustador.
Nas configurações, é possível ainda excetuar alguns endereços da contagem do tempo online.

Problema prático: a extensão não é compatível com algumas versões do Firefox (ou pelo menos não foi muito com a cara do acomodado Firefox em português do computador de Bagé, embora tenha funcionado perfeitamente na versão equivalente em inglês).

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A importância dos metadados

“Actuellement, les moteurs de recherche utilisent le texte comme sa propre métadonnée en travaillant sur le plein texte. C’est une immense régression par rapport à tout le travail réalisé depuis deux ou trois siècles par les bibliothécaires et les documentalistes. Un retour à la préhistoire” (Le Monde)

Pierre Lévy trabalha atualmente em uma pesquisa que visa criar uma metalinguagem para categorizar dados. A idéia é criar um sistema para metadados que independa dos idiomas falados no mundo, o que contribuiria para facilitar a busca por informações na Internet. A linguagem proposta por Lévy é a IEML, Information Economy Meta Language.

Esse recurso permitiria explorar ainda mais a idéia de inteligência coletiva através do ciberespaço (Lévy propôs, há quase vinte anos atrás, que a interconexão de computadores permitiria um aprimoramento da inteligência coletiva, uma vez que as pessoas poderiam interagir entre si através da Internet), já que a IEML permitiria que informações sobre um determinado assunto pudessem ser mais facilmente encontradas na Internet, independentemente do idioma em que se encontrassem, em uma procura semântica bem mais complexa que a utilizada pelos atuais sistemas de busca.

Exageros e entusiasmos à parte, a proposta é a de que até 2010 essa metalinguagem possa ser posta em prática.

Assunto paralelo: o AOL News reformulou recentemente sua página. Qualquer semelhança com um blog não será mera coincidência. Até as editorias foram transformadas em “tags”.

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MySpace + Second Life

Imagine poder reunir em um só lugar a possibilidade de navegar por ambientes virtuais em 3D, como no Second Life, com as características de uma rede social, como no MySpace. Isso já é possível com o Kaneva.

Nele, você cria uma rede de amigos, participa de comunidades, compartilha fotos, vídeos e músicas, e preenche um perfil, que é seu cartão de visitas para os outros usuários. Além disso, pode ainda criar um avatar, personalizá-lo, e habitar um ambiente virtual com as mesmas características do Second Life (em 3D, alguns recursos gratuitos, e promessa de monetarização futura).

A idéia é legal, mas até aí não entendi qual é a inovação. Que eu saiba, é possível preencher um perfil, adicionar amigos e participar de grupos também no Second Life (embora não seja possível ter um avatar e passear por ambientes 3D no MySpace). Talvez o diferencial do Kaneva seja justamente o de pôr em destaque ambas as funcionalidades – de forma que o avatar represente a pessoa real (já que o perfil do site costuma ser o da pessoa real) e não um personagem criado para habitar mundos virtuais e muitas vezes dissociado das características físicas e comportamentais do indivíduo por trás do bonequinho (o que é totalmente possível no Second Life).

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Marketing, diversão e educação no Second Life

Second Life é só um joguinho? Claro que atualmente só se entusiasmam com a ferramenta as empresas (para jogadas de marketing) e os jovens (para, ahm… finalidades hedonísticas). Mas até que há uma certa perspectivazinha de futuro para uso na educação (o que no Brasil caminha ainda a passos muito lentos).
Enquanto isso, nada como reunir empresários para tratar os avatares-consumidores como ratinhos brancos a girar como cobaias em um laboratório experimental.

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Nível de nerdice

69% GeekMingle2Free Online Dating

Meu lado eu-adoro-fazer-testezinhos-idiotas falou mais alto.
Via A Grande Abóbora.

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Guerra digital

Os moradores da Estônia encontraram uma maneira interessante de protestar contra a retirada de uma estátua (real) de uma cidade portuária do país. Ao invés de violência nas ruas, os estonianos optaram por protagonizar um ataque digital de grandes proporções. No lugar de armas, uma avalanche de dados. No lugar de soldados, bots comandados remotamente a partir de várias partes do mundo. O cenário era o ciberespaço, mas as conseqüências dos atos tiveram reflexos no mundo real.

Os ataques conseguiram impedir o acesso a vários sites estratégicos, como as páginas relativas aos órgãos do governo, a página do principal banco do país, e os sites de alguns jornais diários. Pode parecer pouco, mas para um país em que os habitantes praticamente respiram Internet, um parlamentar ficar dois dias sem e-mail é quase motivo suficiente para iniciar uma crise política.

Mesmo que não consiga impedir a retirada da estátua, essa guerra digital abre precedentes para que os sistemas de segurança dos diferentes países comecem a considerar a necessidade de investir mais em proteção na web. A preocupação com os ataques apareceu até em editorial do NYTimes. Os atos de cibervandalismo ocorreram entre abril e maio deste ano.

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